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Geral

A fantástica língua portuguesa, por Alcides Silva

Alcides Silva/O JORNAL de Santa Fé do Sul - 27 de setembro de 2004 - 07:49

INFINITIVO – 2ª e última parte
A dúvida:
Trabalhamos horas extras para comprar os brinquedos.
ou
Trabalhamos horas extras para comprarmos os brinquedos.

Relembrando que o uso das formas flexionadas do infinitivo é muito mais uma questão de estilística que de gramática, use o infinitivo pessoal somente quando a clareza, a eufonia e o ritmo da frase assim o indicarem. Em caso de dúvida, lembre-se sempre que se não houver necessidade de identificar o sujeito do verbo regido, você deve deixar intacto o infinitivo. Verbo regido, como já dito na semana passada, é o infinitivo que depende do verbo principal, também denominado de verbo regente. Nos exemplos acima, a sonoridade e a cadência da primeira frase – a que não tem a identificação do sujeito do verbo comprar –, são superiores às do segundo período. Daí, pois, a absoluta desnecessidade de ser flexionado o infinitivo.
Podemos agora, solucionada a dúvida, fixar uma regra básica para o emprego do infinitivo pessoal: flexiona-se o infinitivo quando o seu sujeito e o verbo principal forem diferentes: Esperamos todos (nós) serem (eles) bons os candidatos. Peço-lhes (eu) o favor de tocarem (vocês) uma música do Roberto Carlos – Eu sempre chegava antes deles saírem.
Como toda regra tem exceção, e isso foi lembrado no comentário da semana passada, com os verbos deixar ,mandar, fazer (denominados de verbos causativos), ver, ouvir e sentir (verbos sensitivos) o infinitivo é impessoal, mesmo que haja mais de um sujeito na frase: Deixar vir a mim as criancinhas – Mandei- os sair - Faça –os andar mais depressa – Vi tantos homens perder o juízo – Ouvi dois conjuntos interpretar a mesma música.
Se ainda persistirem dúvidas com a aplicação da regra básica, lembre-se que o infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito: O policial obrigou- os a se renderem (a que se rendessem) – É necessário concluírem depressa os trabalhos (que concluam).
Não se esqueça também que o infinitivo é pessoal, isto é, flexionado:
a – quando o sujeito é indeterminado: Já ajudei tocarem essa música em outro ritmo: e
b – quando for sujeito é indeterminado: Difícil é ganharmos novamente a Copa do Mundo.
Finalmente, como explicam os “Serões Gramaticais” de Ernesto Carneiro Ribeiro, quando a forma verbal regente estiver distante da forma regida, apesar da identidade dos sujeitos, será preferível, para clareza, o emprego do infinitivo pessoal: “Possas tu, descentemente maldito de uma tribo de nobres guerreiros, implorando cruéis forasteiros, seres presa de vis Aimorés” (Gonçalves Dias).
Com essas seis formas de uso flexionado, podemos solucionar, no mínimo, noventa por cento de nossas dúvidas quanto ao infinitivo. Os outros dez por cento serão resolvidos com a constante leitura de bons textos.

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