Geral
A dieta dos praticantes de musculação é adequada?
Por vezes afirma-se que a dieta dos praticantes de musculação é, geralmente, demasiado restrita, com pouca variedade de alimentos, com uma quantidade excessiva de proteína e inadequada, sobretudo naqueles que sofrem de vigorexia.(1)
Será realmente essa a verdade?
Para responder a esta questão, um estudo recente, realizado em Espanha, avaliou a dieta de 141 praticantes de musculação com idades entre 18-45 anos que tinham como objetivo a hipertrofia muscular.
Desses 141 voluntários, verificou-se que 45 sofriam de dismorfia muscular (vigorexia) e os restantes 96 não.
MACRONUTRIENTES
PROTEÍNA
Relativamente à proteína verificou-se que:
Os voluntários sem vigorexia ingeriam mais de 1,5g de proteína por kg de peso corporal, por dia.
Os voluntários com vigorexia ingeriam mais de 2g/Kg/dia.
O mesmo artigo refere que a quantidade de proteína recomendada para atletas que realizam treinos de força é de 1,2 a 1,7 g/kg/día.
Já para os que pretendem ganhar massa muscular, os valores são de 1,6 a 1,8 g/kg de peso corporal para .
Ps investigadores mencionam ainda que quantidades de proteína superiores às já mencionadas não demonstraram proporcionar maiores benefícios em termos de hipertrofia muscular.
CARBOIDRATOS E LIPÍDEOS
A ingestão de carboidratos e de lipídeos está dentro dos valores de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), inclusive as quantidades recomendadas de ácidos gordos com diferentes graus de insaturação, excepto relativamente ao colesterol que superou os 300 mg/dia.
A quantidade de fibra ingerida foi de 21,2 a 24,8 g/dia, também foi ligeiramente inferior à recomendada (25-30 g/dia).
Assim, constata-se que os voluntários ingerem todos macronutrientes nas proporções adequadas com excepção da proteína, que superou os 15% das calorias totais recomendadas.
MICRONUTRIENTES
Relativamente às vitaminas e minerais, verificou-se que os participantes ingerem quantidades que se encontram dentro das recomendadas pela União Europeia, com excepção da vitamina A, biotina e iodo, que ficaram um pouco abaixo do valores recomendados.
Vitaminas hidrossolúveis: Os voluntários ingerem mais do dobro da quantidade recomendada pela União Europeia. Apesar disso, é pouco provável que isso venha a constituir um problema de toxicidade devido ao facto dessas vitaminas serem hidrosolúveis e não se acumularem no organismo.
Vitaminas lipossolúveis: A ingestão de vit. D e E encontra-se dentro da CDR recomendada pela UE. Já a ingestão de vit. A ficou um pouco abaixo.
Minerais: Os voluntários ingeriram zinco, cobre, ferro, fosfato, magnésio e cálcio em quantidades superiores à CDR proposta pela UE. Só o iodo ficou a um nível um pouco inferior.
Os investigadores escreveram:
Os indivíduos com vigorexia realizam uma dieta normocalórica e adequada em carboidratos e lipídeos; no entanto, os valores de proteína ingerida excedem os limites propostos pela evidência científica para o desenvolvimento de massa muscular nos desportos de força, juntamente com uma ingestão excessiva de colesterol, o que pode contribuir para futuros problemas de saúde.
CONCLUSÃO
É óbvio que não podemos generalizar e afirmar que todos os praticantes de musculação seguem uma dieta adequada, mas este estudo oferece-nos uma perspectiva daquele que será a ingestão de macro e micronutrientes da maioria dos praticantes.
Não deixa de ser interessante o fato de a maioria dos praticantes de musculação serem capazes de seguir planos alimentares que, apesar de algumas falhas, se adequam quase na totalidade aos valores recomendados pela OMS e FAO.
Como não poderia deixar de ser, recomenda-se que os frequentadores das salas de musculação procurem a ajuda de um nutricionista desportivo para optimizarem a sua dieta de forma a evitar a ingestão insuficiente e/ou excessiva de nutrimentos.