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A crônica do Corino - Vida de gado

Corino Rodrigues de Alvarenga - 15 de fevereiro de 2007 - 08:35

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Ontem à noite, quarta-feira, assistindo pelo Canal do Boi, pude rever um pouco de Cassilândia, depois de 18 anos ausente da terra de Cassinha. Não vi a cara de ninguém que conheça. Só vi lindos bezerros e bezerras.
Pela qualidade do gado – e em sendo este o gado que vira o bife que se come no dia-a-dia -, suponho que o povo de Cassilândia também vai bem, obrigado.
Bezerros PO por R$ 620,00 e bezerros comerciais por R$ 475 foram vendidos, assim ó, no bater do martelo, brincando, brincando.
E o leiloeiro Catatau, numa disposição e rapidez para falar das notáveis qualidados dos animais, matou a pau com o martelo.
Eu confesso que não entendo nada de gado. Aliás, não crio nem cachorro e gato.
Mas gostei de ver que o gado de Cassilândia está bem cotado. O lugar é propício para a pecuária, afinal Mato Grosso do Sul tem um dos melhores níveis pluviométricos do planeta.
Só no mês de janeiro passado choveu mais de 600 mm. É água para lavar a égua. E ainda sobra um bocado.
Aqui na Bahia, por exemplo, está chovendo nesta semana. Há previsão de chuvas de cerca de 200 mm. Depois pára tudo. Aí, chuva, meu amigo, só Deus sabe quando.
Tem por aqui um tal de vento minuano: é o vento em um minuto e a chuva em um ano. Se tanto.
Por aqui, pecuária só para subsistência. É a chamada pecuária extensiva: dá mal para sustentar a família.
Para que você tenha uma idéia melhor, Jacobina possui mais de 80 mil habitantes e não possui matadouro nem frigorífico.
Em todo Estado da Bahia, existem 417 municípios e apenas quatro matadouros funcionando.
Até há alguns anos os pequenos produtores de leite daqui forneciam para um empresa de Feira de Santana.
Com a falência da Parmalat, o leite deixou de ser fornecido e os pequenos produtores se viram hoje, vendendo o seu leite na base do porta-a-porta.
Certa feita, autoridades do governo do Estado da Bahia fizeram um seminário, no auditório da Associação Comercial e Industrial de Jacobina (Acija), para debater a crise da pecuária na Bahia.
Depois de muitas análises, chegaram à conclusão que é de conhecimento de toda e qualquer criança baiana: sem chuvas, não há pastagem e, portanto, não há clima favorável para a cria e manejo de gado.
Por aqui, amigo, cria-se bodes e cabras. Pense num bicho resistente a seca. Parece feijão de corda e sisal: quanto mais seca, parece que mais vivo fica.
Outro bicho bom para se criar no sertão baiano, neste clima de semi-árido, é avestruz.
Você já imaginou um leilão de avestruzes no tatersal de Cassilândia? Seria uma cena atípica.
E o leiloeiro, todo animado, diria algo mais ou menos assim:
- Este lote é de avestruz African Black, que bebe pouca água e come de tudo: de pedra a anel de ouro; de parafuso a geladeira...
Não daria certo.
Com tanta chuva, Cassilândia está bem mesmo é na criação e no manejo de gado.
Só não pode é chover demais.
Do contrário, amigo, a vaca vai para o brejo.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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