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A crônica do Corino - Perdão, leitor
Perdão, leitor
Esta madrugada de segunda-feira está sendo diferente para mim.
Depois de ter sido injusto com muita gente, de ter dito coisas absurdas com alguns amigos ao longo da vida, de não ter sido o melhor amigo que as pessoas esperavam, de ter pisado na bola comigo e com o mundo, eis-me aqui, nesta madrugada, pedindo perdão.
E justamente eu, que sou tão crítico, tão metido a ser certinho, ser isso, ser aquilo. Não. Não tenho o direito de continuar sendo injusto com as pessoas. Às vezes até numa brincadeira de mau gosto você diz uma coisa, sem segundas intenções, mas não adianta: você está errando, está magoando e, portanto, não está sendo o melhor amigo que as pessoas esperam.
Em função disso mesmo, estou tirando o dia de hoje para pedir desculpa e perdão a todo mundo, de forma indistinta; portanto, a melhor maneira é pedir desculpa e perdão a você que está lendo esta crônica agora.
Pedindo a todos, o erro que cometi fica implícito, não é devidamente explicado, é verdade. Mas o que importa é a minha boa intenção: não posso e não pretendo continuar sendo injusto com as pessoas.
Esta é a crônica do perdão.
E não adianta ficar dizendo:
- Eu só digo o que penso. Exagero às vezes, mas só digo o que penso.
Não! Não! Não!
Não existe justificativa para palavras mal colocadas, malditas ou mal interpretadas. Nada justifica uma palavra ou uma frase utilizada na hora errada pessoalmente, on line ou por telefone -, naquela hora que a pessoa esperava de você outra atitude, outro gesto, uma palavra mais dócil e mais amiga.
E como eu tenho cometido esse tipo de erro nas minhas relações interpessoais!
É por isso que estou aqui pedindo perdão a você também, prezadíssimo leitor, prezadíssima leitora.
Se você é uma dessas pessoas que adoram fazer correntes humanas, aproveite a oportunidade e peça perdão a sua sogra, a seu namorado ou namorada, esposa ou esposo, a seus filhos, a seus amigos e também a seus inimigos. E, principalmente, a seus inimigos.
Eu vou passar o dia de hoje pedindo perdão e desculpa aos meus inimigos.
Como a lista é extensa, comecei logo às 5h20 da manhã. Acredito que a missão irá até lá pela meia-noite. É gente que não acaba mais.
O Ministério da Saúde deveria publicar algo assim também nas carteiras de cigarro da Souza Cruz: O Ministério da Saúde adverte: não pedir perdão faz mal à saúde.
Ou assim: O Ministério da Saúde adverte: não pedir perdão provoca câncer e impotência sexual.
Quanto ao termo impotência sexual, iria ser um corre-corre: todo mundo pedindo perdão. Câncer não assusta tanto os mais machistas, pervertidos e debochados, mas impotência sexual, ai, ai...
Para pôr um fim ao ora exposto, não posso declinar da vertente principal:
- Perdão, leitor! Perdão, leitora! Quantos erros gramaticais não tenho cometido neste período? Quantos absurdos não tenho publicado? Quantas besteiras não tenho dito? E, sobretudo, perdão pelos erros que ainda irei cometer. É um pedido de perdão antecipado igual habeas corpus preventivo, com efeito in totum, pleno.
Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
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