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Geral

A crônica do Corino - Peixes

Corino Rodrigues Alvarenga - 12 de dezembro de 2006 - 06:26

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Depois de ter nascido no Entroncamento do Itajá, tive a criação que toda criança pediria a Deus: tomar leite de cabra, direto das tetas, tomar banho nas águas térmicas da Lagoa Santa e nadar, e nadar muito, nas sempre bem temperadas águas do Rio Aporé, dono de um vale que é cartão-postal obrigatório para quem dá valor a um paraíso de que se preza.
Lembro-me – como se fosse hoje – dos peixes pesados que eram tirados das águas do Aporé, principalmente ali no vale onde se localiza o salto com suas águas doces, mas barulhentas.
A cena era comum e fazia parte do cotidiano de Cassilândia: pescadores, às dezenas ou às centenas ou aos milhares, saíam de suas margens carregando sacos e mais sacos de peixes, independente do tamanho, do sexo, se estavam ou não na fase da piracema, que geralmente ocorre de outubro a março da cada ano, se estavam bom ou não para o consumo.
Essa pesca predatória simplesmente dizimou os peixes do nosso querido Rio Aporé. Vamos a uma notícia publicada pelo site www.cassilandia.com.br. Depois eu volto.

“Ibama lança campanha contra pesca ilegal

Domingo, 10 de dezembro de 2006 17:32

Uma campanha contra a pesca ilegal foi lançada no Acre para e evitar que os peixes sejam capturados no período do defeso (quando a atividade fica proibida) e para divulgar as leis brasileiras referentes à área.
A ação é uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Organização Não-Governamental WWF-Brasil e agentes ambientais voluntários. A campanha vai ocorrer nas cidades de Sena Madureira e Manuel Urbano e também no município amazonense de Boca do Acre.
Segundo a analista ambiental do Ibama no Acre, Rosana D’arrigo, a ação foi lançada somente no Acre para dar continuidade ao projeto Purus, que é um trabalho que procura mostrar a situação real da pesca na região: ‘É uma campanha lançada em função das atividades que estão acontecendo no projeto’”.

Como à época o Ibama ainda não existia, pois só foi criado através de lei federal no dia 22 de fevereiro de 1989, ninguém controlada a pesca predatória. Eu mesmo, embora criança, tenho cá a minha parcela de culpa: comi alguns dos saborosos peixes pescados ali. Não sou nenhum santo, como o prezado leitor pode perceber.
Tenho a meu favor um atenuante: era uma criança e não posso responder criminalmente pelo que fiz. Só matei a fome que, por sinal, me matava. Era eu ou o peixe. Sobrou para o pobre do peixe, é evidente. A civilização sempre foi assim: primeiro mata para depois, só depois, sentir remorso.
Como carrego cá a minha culpa, procuro hoje sensibilizar as pessoas: não pratiquemos mais a pesca predatória. Vamos ajudar o Ibama a proteger os nossos queridos peixes, os nossos queridos animais e as nossas florestas antes que eles deixem de existir e só façam parte de lindas fotos nos museus do futuro, com aquele fatídico aviso: aqui jaz a onça pintada; aqui jaz o peixe dourado; aqui jaz o cerrado sul-matogrossense.
A natureza pede socorro. Desde que Cabral aportou por aqui, mais precisamente em Porto Seguro, quando se perdeu dos caminhos das Índias, pobre do solo brasileiro.
Nós, brasileiros, somos destruidores por natureza. Aqui, nesta Nação, quem anda menos, voa. De inocentes não temos nada. Que o digam os pobres peixinhos que matamos todos os dias.
Em nome da preservação da natureza que ainda nos resta é fundamental: que se respeite o padrão do tamanho dos peixes na hora da pesca, que não se mate animais, que se mantenha intacta a mata nativa como reserva em cada propriedade rural, que não se prenda pássaros em gaiolas e em cativeiro, que não se transforme o bem natural em bem de consumo.
Natureza não é mercadoria. Natureza é reserva biológica fundamental para a atualidade e para as futuras gerações.
Pensai nisto, prezado leitor. Pensai nisto, prezada leitora.
Pensai, por obséquio! Pensai! Pensai! Pensai!

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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