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A crônica do Corino - Pássaros na gaiola

Corino Rodrigues de Alvarenga - 04 de dezembro de 2006 - 06:48

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Pássaros na gaiola
Uma antiga música sertaneja que trata da vida em cárcere de um canarinho salvo pela filha do algoz, o tal do criador de pássaros em cativeiro, fez-me repensar conceitos acerca desses belos passarinhos que ficam encarcerados dentro de gaiolas e viveiros para o bel-prazer de seus donos. Donos, vírgula. Ninguém é dono de ninguém. E aí eu incluo os animais irracionais e os homens irracionais também.
Considero uma estupidez prender pássaros em gaiolas e, mormente, torná-los uma mercadoria rentável para efeito de troca e até de venda a valores bastante elevados. Certa feita ouvi uma história em São Paulo de que o dono de um posto de gasolina havia dado um veículo zero quilômetro por um curió que acabara de vencer um torneio importante.
Li a seguinte notícia no site www.cassilandia.com.br e logo a seguir eu volto para dar cabo a esta prosopopéia toda.

Polícia Ambiental apreende pássaros em Cassilândia

Quinta-feira, 30 de Novembro de 2006 15:27

A Polícia Militar Ambiental (PMA) de Cassilândia realizou a apreensão de duas aves silvestres neste dia 30/11. A ação deu-se por volta das 10:00hs, quando a equipe de plantão recebeu denúncia anônima, de que no Jardim Laranjeiras havia uma pessoa capturando aves silvestres e mantendo-as em cativeiro. No local da denúncia, a PMA chegou à pessoa do Sr. A.R.S, criador de passeriformes registrado no Cadastro Técnico Federal/IBAMA, o qual mantinha em cativeiro, sem licença ou autorização do órgão competente, dois exemplares da fauna silvestre, sendo 01 (um) curió (Oryzoborus Angolensis) e 01 (um) canário-da-terra (Sicalis Flaveola Brasiliensis). Ante a constatação do crime ambiental, o Infrator foi multado em R$ 1000,00, e foi encaminhado ao Distrito de Polícia Civil em Cassilândia para demais providências. As aves foram apreendidas, sendo que posteriormente serão encaminhadas ao Centro de Reabilitação de animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande-MS. Fonte: Cleibe José da Silva – Cabo PMA.

Desejo fazer agora uma reflexão sobre o sentimento que falta ao ser humano e o sentimento que imagino passar pela cabeça do pobre pássaro que fica encarcerado numa gaiola como se fosse um criminoso comum.
O homem prende o pássaro (o homem, sim, afinal nunca conheci mulher que cria pássaro trancafiado em gaiola) porque quer conviver, de certa forma, perto da natureza, da beleza exótica de curiós, azulões, coleiras, canários, pintassilgos, pintagóis, picharros, arapongas, assanhaços etc.
O criador de pássaos em cativeiros deveria se colocar, primeiramente, no lugar deles. Pensar que os passarinhos poderiam estar convivendo em família, no seu habitat, procriando, aumentando a nossa fauna, embelezando a nossa flora, enriquecendo a natureza como um todo.
Presos como bandidos ou criminosos, os passarinhos perdem a galhardia, perdem o brilho das penas, perdem a alegria do olhar, do sentir, perdem a própria vida. Um pássaro preso em cativeiro perdeu a essência maior da vida: o prazer de viver.
Eles cantam, sim. O que resta mais a um pássaro preso numa gaiola de meio metro quadrado?
Resta-lhe a alternativa de voar? De bater asas soltos pelo planeta terra? Resta-lhe a alternativa de beber a água da fonte que nunca seca? Resta-lhe a alternativa de namorar com a sua fêmea encantadora e sonhada? Resta-lhe a alternativa de comer aquela frutinha colorida, amarela, com manchas avermelhadas, que está no mais alto pé de pau da floresta?
Defendo uma severa punição para a pessoa que prende pássaros silvestres ou animais da nossa fauna em cativeiro, em situação de precariedade e total desrespeito ao direito pertinente a esses pobres bichinhos: a mesma cadeia.
Defendo que alguém que apeende pássaro em gaiola deve ficar também preso, trancafiado como criminoso, pelo mesmo período, para ver o que é bom para tosse.
Defendo, pois, liberdade total para os nossos pobres pássaros, que, por sinal, são os mais lindos do planeta.
Se não há já tantos pássaros cantando nas florestas é porque eles viraram mercadoria bastante concorrida num mercado de egoísmo, maldade e ganância.
Viva os pássaros! Abaixo os negociantes de pequenas almas passarinheiras!
Viva o vôo livre e rasante dos pássaros na cordilheira, marcando o horizonte numa tarde de pôr-do-sol! Abaixo o carrasco que os acorrenta!

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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