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A crônica do Corino - O procurador IV

01 de dezembro de 2006 - 05:24

O procurador IV

Houve um problema de vírus no meu computador e, em função disso, acabei perdendo o contato por alguns dias com o amigo procurador João Brasil.
Mas revendo os meus arquivos, li esta pérola que gostaria de levar ao conhecimento do amigo leitor.
João Brasil é dono de frases muito boas que, se ninguém cuidar de registrar, acabam morrendo por aí. Cabe-me como seu aluno e aprendiz, fazer alguma coisa. Não me basta a função de amigo. Ser amigo omisso é fácil. Aliás, amigos fáceis tenho inúmeros, desses que você encontra a qualquer hora e lhe convidam para tomar uma boa cervejinha gelada. Se aceitasse todos os convites, já não estaria mais neste mundo. Estaria, com certeza, no inferno. O céu não me aceitaria por lá de jeito nenhum. Motivos óbvios.
Vamos à mensagem do amigo João Brasil.

“Muito inteligente e sábia a estratégia. Provavelmente dizemos que não há imprensa ou, em outro perspectiva, informação neutra, porque ela traz consigo inevitavelmente uma interpretação sobre os fatos.
Provavelmente também por isso, alguém tenha dito: "Mostra-me como argumentas
e te direi quem és".
O gramático Francisco Platão Savioli diz na penúltima edição de "Língua
Portuguesa"(também sou assinante): "O modo de dizer altera a coisa dita. Ao
falar ou escrever, toda pessoa informa o seu universo de referência, o lugar
social de onde procede, suas preferências ideológicas e até seu gosto
estético". E conclui: "Falar ou escrever é criar uma imagem social de si
mesmo".
E, diante disso, não tenho dúvidas de que o amigo, sendo o redator, arcará
com um ônus e tanto. Mas, pela sua experiência e habilidade, também não
tenho dúvidas de que superará qualquer óbice.
Até porque, como nos ensinou Guimarães Rosa, "Pãos ou pães é questão de
opiniães". E política é política! Aliás, li uma bela entrevista do Julio Maria
Sanguinetti onde ele ensina: "Não há nada mais perigoso em política do que
as simplificações".
E tenho certeza de que o amigo compreende a minha posição, até em face dos
últimos acontecimentos - e história - neste nosso belíssimo País.
Com razão, pois, a Dilma Russef quando disse: "É muito cômodo lançar
desconfianças que só podem ser confirmadas ou desmentidas no futuro, mas que
podem ser exploradas negativamente no presente".
E na faculdade de Direito - e a prática do dia-a-dia demonstra - aprendemos
que "uma coisa é supor, outra é saber, outra é comprovar. Outra, ainda, é
demonstrar na Justiça que a prova é apta a incriminar".
O Prof. da PUC/SP, Pedro Estevam Serrano, em belíssimo artigo na revista
Teoria e Debate nº 65(também sou assinante) diz: "Veicular que alguém é
investigado por crime infame, na forma que se faz atualmente, equivale a uma
sentença condenatória no imaginário do leigo". E conclui brilhantemente:
"Investigado, por definição, não é ainda acusado. E o acusado não é,
enquanto tal, culpado".
Nesse artigo, mencionando Karl Popper, ele chega a afirmar que "a mídia pode
se tornar o déspota contemporâneo".
Portanto, meu amigo Corino, nesses casos prefiro seguir o ensinamento de
Norberto Bobbio: "Sou um convicto dualista e defendo que dos juízos de fato
não se deduzam juízos de valores".

Depois destes ensinamentos do amigo procurador João Brasil, em que João é a afirmação do amor à pátria e Brasil apenas um adereço de luxo, pergunto ao amigo leitor que me agüenta aqui todos os dias:
- Eu posso dizer o quê?
Apenas agradecer ao amigo por me dedicar preciosos minutos de sua existência.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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