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A crônica do Corino - O País do Futebol

Corino Rodrigues Alvarenga - 19 de janeiro de 2007 - 07:37

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Está praticamente tudo acertado e o Brasil deverá sediar a Copa de 2014.
Houve um acordo político feito pelo presidente da Fifa, Joseph Blater, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tanto no apoio à candidatura vitoriosa da África do Sul para a Copa de 2010 quanto nos votos conquistados por Blater em sua eleição e, depois, em sua reeleição.
E mais: a Copa de 2014 é da América do Sul, pois, no atual período, a Europa já sediou duas copas e a América do Sul ficou sem nenhuma, quebrando o tradicional rodízio de continentes que vinha desde 1930.
E, nesse acordo, o Brasil é candidatura única dentro da América. Já existe até o aval da Federação Sul-Americana. Tudo bem, tudo bem.
Agora eu pergunto: o Brasil está preparado para sediar uma Copa do Mundo?
O nosso sistema de segurança pública nos permite oferecer tranqüilidade a milhões de turistas que certamente virão para cá?
Os cerca de 40 milhões de brasileiros que vivem à margem da sociedade, passando fome, não irão para as portas de hotéis e estádios para pedir esmolas em dólares e euros?
E a pergunta final: diante de tantos problemas sócio-econômicos que enfrentamos há séculos sem solução à vista, é correto e viável investir bilhões e bilhões de reais para sediar uma Copa do Mundo?
Eu acredito que o governo brasileiro tem que pensar em prioridade. E prioridade, a bem da verdade, temos uma: educação. O brasileiro é mal-educado justamente porque não se investe corretamente em educação.
A maior prova disso é que se paga Bolsa-Família para a família manter os filhos na escola, pois, do contrário, não se teria tantas crianças nas escolas. Só que elas, porém, estão lá, freqüentando as aulas, fazendo jus ao tal Bolsa-Família, e não estão aprendendo nada.
A argumentação de que os turistas trarão dólares e euros para cá, dando retorno financeiro aos altíssimos investimentos feitos na estruturação da Copa do Mundo é pura balela.
O turismo só é lucrativo quando há uma política de “clusters” bem planejada e executada, isto é, quando se tem um conjunto de opções turísticas cercado de uma política de turismo voltada para o longo prazo, com infra-estrutura, com estradas de qualidade, com conceitos internacionais de atendimento ao turista, com um sistema eficiente de segurança pública.
É um equívoco investir num evento sazonal como a Copa do Mundo acreditando que os turistas voltarão depois ao País. Só retornarão se gostarem do que viram. E esse não parecer ser o nosso caso.
O turista alemão, por exemplo, que for assaltado na Linha Vermelha ou na Favela da Rocinha, pode acreditar, dificilmente arrumará argumento um dia para retornar ao Brasil.
E violência não existe só no Rio de Janeiro. E por que há tanta violência no Brasil? Ora, ora! Violência é reflexo de problemas sociais gravíssimos que enfrentamos como falta de boas escolas, como falta de bons empregos, como falta de boa qualificação profissional.
E mesmo no futebol precisamos de nos estruturar. O ideal é acabar com os picaretas e corruptos de colarinho branco que assumiram o papel de cartolas. E esses são iguais ou piores do que os integrantes do PCC.
Sou a favor de o Brasil sediar a Copa de 2014 desde que os gastos sejam assumidos pela iniciativa privada, pelos que sempre lucraram com o futebol, vendendo nossos craques a peso de ouro e tirando a sua comissãozinha.
Pôr dinheiro público para sediar uma Copa do Mundo é uma irresponsabilidade diante de milhares ou milhões de problemas urgentes que estão à espera de solução desde que Cabral pisou por aqui. E o Brasil precisa marcar um gol de placa: acabar – ou pelo menos minimizar – com a miséria.
E, por enquanto, só temos feito gol contra nesse sentido.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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