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A crônica do Corino - O clima nordestino

12 de janeiro de 2007 - 09:29

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O Nordeste brasileiro tem um clima atípico. O nordestino, em função disso, é um bravo guerreiro. Esta é uma dura realidade da qual não se pode fugir: se viver não é preciso, como escrevera Fernando Pessoa, navegar é preciso. E navegar no seco é ainda mais árduo e espinhoso.
Os governantes passaram séculos e séculos investindo caminhões de dinheiro no Nordeste tendo como desculpa o combate à seca. Investindo, vírgula. Boa parte do dinheiro sempre foi para os coronéis e suas farândolas, por sinal muito bem mantidos e alimentados graças ao sagrado dinheiro público.
A dinheirama, a bem da verdade, sempre foi para manter os seus currais eleitorais ao longo dos tempos e, com isso, manter o status quo de usineiros, grandes empresários, grandes fazendeiros, senhores de insuspeita conduta moral e outras raposas que viveram ou vivem às custas do erário brasileiro.
De uns tempos para cá, o governo brasileiro percebeu que não se combate a seca; convive-se com ela. O primeiro passo foi dar um fim à Sudene, um verdadeiro cabide de empregos, de marajás, de sanguessugas.
Uma grande fonte de fomentação de renda na região, o Banco do Nordeste do Brasil sempre foi também responsável pela diversificação da produção por meio de investimentos em agricultura e pecuária extensivas, mas também por desvios históricos de dinheiro público, sobretudo através de projetos mal-elaborados e antieconômicos.
E eu concordo plenamente com os técnicos do governo que perceberam que seca não se combate; alia-se a ela. É aquela máxima: se você não pode com o inimigo, junte-se a ele.
Não se pode pensar em plantar, por exemplo, arroz, feijão, milho, soja ou algodão em grande parte do território nordestino sem o uso de irrigação. Feijão por aqui, meu amigo, só feijão de corda. E olhe lá.
Quer uma cultura que vai bem no Nordeste, sobretudo aqui na Bahia? O sisal. A fibra do sisal é produto essencial para a confecção de corda, bolsa, tapete, vassoura e uma infinidade de apetrechos úteis no dia-a-dia.
O Nordeste é assim: quando tem seca, sai debaixo. Quando tem chuva, sai de cima. E o nordestino já se acostumou com isso.
A alegria por aqui fica por conta das chuvas, que, quando caem, são bem-vindas demais da conta. Em excesso, devastam com as plantações, matam animais e dão prejuízos, além de inundar as cidades, a exemplo de Jacobina, que tem dois rios: o Itapicuru-Mirim e o do Ouro, que cortam o centro da cidade.
Deus sempre dá o remédio. Mas, aqui no Nordeste, ele nem sempre vem na dose certa. Tem hora que falta, tem hora que sobra.
As árvores que mais resistem à seca são o juazeiro, o ouricuri e o umbuzeiro que podem ser vistas nas regiões mais secas do semi-árido nordestino.
A palma e o mandacaru, sem raízes profundas, também são comuns. A palma, a propósito, é excelente para alimentar o gado nas épocas de seca mais intensa. Tem gente que come a fruta de mandacaru. Eu confesso que nunca experimentei. O coco do ouricuri é uma delícia, tanto a polpa quando a semente.
A fruta da palma é uma delícia. O sujeito só não pode é comer demais. É igual banana meio verde: dá entupimento. E aí já viu.
Bananeira também é comum por aqui. Aliás, toda planta que retém água se dá bem por aqui.
E agora eu vou parar de escrever porque tem uma água de coco me esperando ali na esquina da Praça Castro Alves. Com sua licença, estou indo. Fui, oxente!

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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