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A crônica do Corino - João Marinho, o engenheiro

Corino Rodrigues Alvarenga - 24 de outubro de 2006 - 06:02

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João Marinho, o engenheiro

João Marinho, que praticamente todo mundo conhece em Cassilândia e em boa parte do Estado, é um engenheiro agrimensor prático. Ou melhor, era. Depois de décadas trabalhando como engenheiro autodidata, ele agora, recentemente, conseguiu o registro oficial. Este era o grande sonho que o meu irmão João Marinho conseguiu transformar em realidade. E com muito esforço.
Para quem não sabe, João Marinho é o engenheiro que mais realizou trabalhos na região de Cassilândia. Ele foi “transformado” em engenheiro por Dr. Ruy Hans, de Paranaíba, por sinal um profissional exemplar por décadas.
Sempre foi assim: João Marinho fazia o serviço de medição e registro de dados no campo, de fechamento de área e de elaboração de croquis e mapas no escritório; Ruy Hans assinava.
Agora isso mudou: João Marinho já pode assinar. É engenheiro na acepção da palavra. Na prática, sempre foi. Pelo menos desde que eu me entendo por gente. Ele começou nessa profissão lá pelos anos 50; há 50 anos, portanto.
Como estou muito distante dele, imagino a sua perseverança debruçado nos estudos para, somente agora perto de se aposentar na profissão, obter o almejado registro de engenheiro.
João Marinho talvez tenha conhecido o significado da palavra “perseverança” de uns tempos para cá, mas, na prática, poucos exercem tão bem o significado dessa palavra como ele.
João Marino é, antes de tudo, um perseverante. Todos podem desistir, mas ele não. João Marinho não desiste nunca.
Esse registro não irá mudar em nada o seu conhecimento em engenharia, em topografia. Ele sabe exatamente tudo da profissão. Tudo e mais um pouco.
Lembro-me de engenheiros formados, com diploma sob as axilas, que iam ao seu escritório para pedir socorro. Isso ocorreu por diversas vezes – e eu sou testemunha ocular disso.
O registro de engenheiro vem, sim, para realizar o sonho de João Marinho, que tantas vezes foi perseguido, que tantas vezes foi incompreendido, que tantas vezes viu tirarem o seu sol, o pão da boca de sua família.
A sua trajetória é longa. Teve que enfrentar muitas sucuris, muitas onças.
Lembro-me muito bem do serviço que fez para a Fazenda Campo Bom, no Chapadão do Sul, em que havia muitas onças rondando o acampamento. Eu fiquei com ele por várias semanas, dormindo em rede, caminhando dezenas de quilômetros a pé durante o dia, puxando trena, carregando balizas.
A onça roncava lá fora e eu não conseguia dormir cá dentro.
Isso sem falar na jaracuçu do Galheiro que quase o pegou. Nos bandos de queixadas, de antas e de tantos bichos do mato.
Foram cinco décadas de sofrimento, de angústia de espera. Mas o registro, finalmente, saiu. E saiu o diploma também.
João Marinho agora, amigos, é engenheiro total, engenheiro com E maiúsculo. Tem registro. Tem o diploma na parede. Depois de muito estudar. Mas, sobretudo, depois de muito saber fazer.
Agora o nome está lá na tabuleta: João Marinho, o engenheiro.
Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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