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A crônica do Corino - Férias

Corino Rodrigues de Alvarenga - 08 de janeiro de 2007 - 08:59

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Eu vou fazer aqui com fazem as crianças que, depois das férias, fazem aquelas floridas redações na volta à sala de aula. E pode acreditar: inspiração não me falta.
Estive em Cafarnaum. Calma: não se trata da cidade bíblica em que Jesus Cristo realizou vários milagres e a transformou em seu quartel-general, não.
Cafarnaum a que me refiro é um pequeno município localizado no sertão baiano, perto de Morro do Chapéu e de Irecê.
E Cafarnaum tem uma particularidade: com sua terra vermelha e sua planície, sem uma única serra, tem a oferecer aos moradores muita poeira e, portanto, as suas casas são protegidas por uma lona plástica que é colocada sob o telhado. Tirando a poeira, o resto é só tranqüilidade.
Já no domingo, segundo dia de férias, levei a minha câmera digital e tive a oportunidade de filmar uma disputada final do Campeonato de Futebol da Queimada de Tiano, num povoado localizado a uns vinte quilômetros da sede do município.
Foi um jogo disputado entre as melhores equipes de Cafarnaum – XV de Novembro e Beira Rio -, que, depois de um placar apertado de 3 a 3, foi decidido nos pênaltis, ficando o XV de Novembro com o título.
Hoje entendo porque a Bahia revela tantos craques para o futebol brasileiro. Os baianos correm mais, têm mais garra e disputam a bola como se fosse um prato de comida. É garra pura. E muita técnica também. É nato no baiano.
Esse negócio de que baiano é preguiçoso é coisa do Casseta & Planeta. E se tiver um trio elétrico, então, ninguém segura o baiano.
E Cafarnaum tem a oferecer o fascínio do sertão nordestino com sua vegetação singular. Você, por acaso, já comeu alguma vez uma fruta de palma? É muito gostosa. E a palma serve para alimentar o gado em tempos de seca, isto é, quase todo o ano.
Na Bahia é assim: quando faz seca, amigo, é seca mesmo. E quando chove, sai de baixo. É chuva para dar com pau.
O sertão baiano tem algumas semelhanças com o cerrado sul-matogrossense. Por aqui é possível encontrar nambu, perdiz, teiú e até onça.
Eu ouvi umas histórias de onça. Mas, você sabe, como caçador exagera um pouco, comprei o peixe de acordo como me venderam. Se é que você me entende.
Aliás, você sabia que baiano chama “mentira” de “sugesta”? E “mentiroso”, portanto, vira “sugesteiro”. Baiano é bicho retado. Baiano não briga. Baiano negocia. E no final tudo acaba em paz. E em samba. Ou axé, é claro.
Depois das férias em Cafarnaum, dos dois tiros perdidos durante a caçada com uma cartucheira sem mira – a exemplo deste caçador de improviso que tem péssima pontaria -, dos babas (futebol), dos banhos em Olho d’Água, dos passeios e do descanso, eis aqui de novo este cronista para lhe chatear.
O negócio agora é pegar no batente. E ir em frente. Que atrás vem gente. E como vem.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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