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A crônica do Corino - Eu, o candidato

Corino Rodrigues Alvarenga - 26 de outubro de 2006 - 07:03

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Eu, o candidato

Senhores e senhoras, ontem tomei uma decisão: sou candidato na próxima eleição. Não sei ainda o cargo. O cargo é o que menos importa. O que importa mesmo é a minha vontade de virar político. E não adianta aparecer alguém para tentar mudar a minha posição.
Será uma campanha profissional, pois eu sou um profissional. Para levar a cabo esse profissionalismo todo, contratei um publicitário para fazer a minha campanha eleitoral. O nome dele está no cartão: Denis Jacobina. E ele já me enviou três slogans para eu escolher.
O primeiro ficou falso demais, acho. Ei-lo:
“Chega de ladrão fino. Vote Corino.”
A rima é boa, mas não pretendo entrar em choque com os meus adversários políticos. Este slogan está, portanto, descartado. O outro também é direto demais. Não sei.
“Corino, um voto decente. Este rouba e não mente.”
Chamou-me de ladrão. Não gostei, claro.
Já o terceiro me pareceu mais apropriado para quem irá fazer uma gestão séria, construtiva e empreendedora.
“Corino nunca fez e vai fazer muito mais.”
Pensando melhor agora, também não está nada bom.
Acho que vou precisar de um outro publicitário. Vamos deixar essa praia de marketing de lado, pois essa não é a minha praia mesmo. Vamos falar das propostas e da minha boa intenção.
Como novo gestor público – prefeito, talvez -, pretendo acabar com o tal do cabide de empregos e vou mandar os preguiçosos a cantar em outra freguesia. Serviço público é para quem quer trabalhar. Ou melhor, para quem sabe trabalhar muito e direito. A máquina pública está inchada e será adotado o conceito empresarial de custo-benefício para torná-la mais leve, mais ágil e mais desenvolvimentista.
Outra proposta é erradicar o analfabetismo. Todo mundo na escola. No município não ficará nenhum analfabeto – nem que seja preciso pô-los num caminhão pau-de-arara e levá-los para qualquer outro lugar. De preferência, bem longe daqui. Você sabia que em vários municípios do Nordeste tem um profissional contratado pelas prefeituras chamado de espantador-de-jegues? Vou fazer o mesmo com os não-letrados. Vou criar o cargo de espantador-de-analfabetos.
Quanto à saúde, vou implantar uma lei: todo mundo terá que comer peixe com ômega três, pouco sal, pouca gordura, pouco açúcar - adoçante nunca, pois tem aspartame – e nada de carne vermelha nem frango de granja.
Assim, o município irá economizar um bom dinheiro em gastos com saúde e poderá investir essa grana preta na educação. Povo educado não fica doente. Ou quase. Gente doente dá prejuízo. Gente sadia dá lucro. E não perturba com aquela tosse chata nem com aquela rouquidão toda. Nem fica cuspindo no chão bem na sua frente.
É isso. Outro dia falo sobre agricultura, moradia popular, sanemanento básico e outros temas que fazem parte do Plano de Gestão Pública que comecei a escrever agora há pouco. Ele está quase pronto. Já tem meia página.
Por isso, senhores e senhoras: na hora de votar, pense em mim, pense no futuro da Nação e Nação começa pelo município. Quero voto de todo mundo. Do branco, do afrodescendente, do amarelo, do índio, do homossexual, da mulher e até do Joaquim da Padaria. Voto é voto. Quero também o voto do padre, pois já vem sob as bênçãos do senhor. E do pastor evangélico também.
E, por falar nisso, quero o seu voto também. E dos seus amigos também. Dos vizinhos. E da família toda.
Vamos todos juntos e cantando o nosso grito de guerra:
- O povo com Corino jamais será cretino! O povo com Corino jamais será cretino! O povo...
Tem razão. Preciso arrumar outro grito de guerra. Do contrário, a guerra nem irá começar. Tchau, meus eleitores. Preciso começar o corpo-a-corpo agora. Vou começar pela minha vizinha Solange, uma morena de derrubar avião.
Vai ser um corpo-a-corpo e tanto!

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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