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A crônica do Corino - Dicotomia e idiossincrasia

Corino Rodrigues de Alvarenga - 20 de fevereiro de 2007 - 14:50

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Hoje pretendo falar um pouco sobre dois vocábulos do nosso idioma: dicotomia e idiossincrasia. São dois vocábulos diretamente ligados ao brasileiro, embora a maioria desconheça o seu significado.
Somos idiossincráticos quando buscamos, à nossa maneira e segundo a nossa vontade, o improviso para ir levando a vida neste Brasil entregue à dicotomia, isto é, dividido em dois brasis – um legal e outro ilegal, um formal e outro informal, um sério e outro nem tanto, um opulento e outro miserável.
E por que vamos de um extremo a outro com tamanha rapidez? Porque somos assim mesmo, porque nascemos assim e assim fomos educados.
Somos dicotômicos quando buscamos, segundo as nossas incoerências históricas, vender a idéia do que dissemos e tentamos mostrar e ocultar a nossa verdadeira identidade – a de um povo sem história, sem bandeira e com pouca possibilidade de futuro.
A Bandeira Nacional, por exemplo, só aparece por aí de quatro em quatro anos, nos períodos de copa do mundo de futebol.
E por que a chamada pátria de chuteiras, que ostenta as cores verde, amarela, azul e branca, não ostenta esse mesmo patriotismo todos os dias?
Porque somos idiossincráticos e dicotômicos ao mesmo tempo. No mesmo ínterim que amamos ao extremos, ignoramos ao extremo.
O nosso patriotismo, em 2006, foi até o momento em que o francês Henry, fez aquele gol quando o ala Roberto Carlos abaixou-se para amarrar o cadarço da chuteira.
A partir daquele instante, Roberto Carlos deixou de ser o grande craque e virou um reles vilão nacional, o verde e o amarelo da nossa bandeira desbotaram, o mar secou e José foi embora para casa porque a festa acabou.
E na gestão do País?
Somos absolutamente idiossincráticos quando votamos, fazendo valer a nossa opinião, ainda que em troca de um saco de cimento ou de algum presentinho à véspera da eleição, e depois, como dicotômicos, passamos a dizer que nada temos a ver com o problema, que todo político é igual, que a culpa é deles e daí por diante.
Na educação de nossos filhos também somos idiossincráticos e dicotômicos no exato momento em que escolhemos a escola em que eles estudam e em que saímos por aí para malhar a escola, falar mal da professora e a esculhambar com o ensino público, esquecendo-nos de que todo o sistema que aí está é de inteira responsabilidade nossa, totalmente nossa.
Como estamos vivendo os embalos do carnaval, a mais popular do planeta, seria bom que, já na Quarta-Feira de Cinzas, pensemos um pouco nisso.
O Brasil que sonhamos só será realidade se começarmos a fazer o que tem que ser feito logo agora.
Unidos, somos fortes; juntos, na acepção da palavra, somos imbatíveis.
É por isso que convoco todos os integrantes da grande Escola de Samba Brasil a começar a escrever já o nosso samba-enredo, a treinar bem a harmonia, a trabalhar a alegoria, a cuidar da bateria, a ensaiar mestre-sala e porta-bandeira e a zelar bem da ala das baianas.
Fazendo isso hoje, iremos tirar as tão sonhadas notas nas próximas apurações:
- Educação, nota 10! Saúde, nota 10! Agricultura, nota 10! Exportação, nota 10! Futuro, também nota 10!
Vale a pena sonhar. Sonhar, afinal, não paga imposto. Pelo menos por enquanto...

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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