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A crônica do Corino - Corrupção

Corino Rodrigues de Alvarenga - 22 de janeiro de 2007 - 08:52

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A manchete do Jornal do Brasil de hoje, segunda-feira, 22 de janeiro, traz a seguinte denúncia: “Empresa de ônibus era forçada a subornar PMs”, diante de um esquema de extorsão que está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro já batizado de “máfia das multas”. Espera-se que a Corregedoria carioca chegue aos acusados de mais esse crime contra o erário. No fim das contas, tudo é dinheiro público mesmo.
Eu me lembrei agora de uma crônica escrita por Sebastião Nery, no livro Folclore Político, em que trata de uma passagem durante o governo de Getúlio.
Narra Sebastião Nery no excelente livro que Getúlio Vargas estava enfrentando o sério problema com a alfândega do Rio. Era corrupção demais e controle de menos. Um dia o presidente da República se encheu diante daquilo. Nomeou um amigo no qual ele confiava alhos e bugalhos. Confiava cegamente, pois o tinha como incorruptível. E dizem que o único ser incorruptível é Deus. Deve ser.
Mas Getúlio chamou o homem até seu gabinete e deu a ordem. Getúlio não pedia. Getúlio mandava. Getúlio era um ditador na acepção da palavra. Getúlio não brincava em serviço.
- Meu amigo, eu vou pôr você para tomar conta daquela alfândega. Mas só lhe peço uma coisa: não vai trair a minha confiança. Você é o único brasileiro em que eu confio. Vai lá e resolva o problema da corrupção na alfândega carioca.
O homem foi. Ficou por lá uns seis meses, botou ordem na casa. Um dia enviou um telegrama ao presidente Getúlio. Presidente e amigo. O texto do telegrama era exatamente este:
- Doutor Getúlio, me demita com urgência. Os homens já estão chegando no meu preço.
Faz sentido: diz a sabedoria popular que todo homem tem o seu preço. E toda mulher, claro, também.
O Brasil inteiro vive diante do drama da corrupção. Em todo o território nacional vive essa dura realidade. Não há como negar. Mas o Rio é hour concur. Não tem pra ninguém.
Certa vez eu fui assistir a um jogo no Maracanã. Era Corinthians x Flamengo. Um amigo paulistano já me deu a dica: leve várias notas de R$ 1,00 num dos bolsos para ajudar a pagar ingressos para os torcedores rubro-negros. E até para uns corintianos também.
- Me ajuda aí, brother, na moral... – dizia um.
- Tô na pindura, meu... dá uma forcinha aí, vai – dizia outro.
E chegou um brutamontes que foi ainda mais direto:
- Vai boa ou vai sujar?
E não deu outra. Quando entrei no estádio, a maioria das notas já tinha ido.
Eu tive certa vez muito perto de ser vítima de um arrastão na praia de Copacabana. Apareceram por lá uns 500 pivetes e trombadões adultos que levaram praticamente tudo de todo mundo. Eu, ao perceber a invasão e a gritaria, pulei na água, passei por baixo da arrebentação e fiquei a uns 500 metros mar adentro depois de ter engolido um bocado de água. Mas livrei os meus parcos reais.
Agora ninguém tem como negar uma coisa: o Rio é pura emoção.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
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