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A crônica do Corino - Carnaval no CTC

Corino Rodrigues de Alvarenga - 19 de fevereiro de 2007 - 18:35

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Carnaval no CTC

Eu tinha cerca de doze anos quando participei do primeiro e único carnaval da minha vida. Foi uma tarde de domingo no Cassilândia Tênis Clube, nos anos 70, só para crianças.
E lá estava eu no meio.
Minha mãe de criação, Delaide, foi a incentivadora. Da fantasia, lembro-me apenas da cor: amarela.
É louvável o seu esforço para me transformar num folião de carnaval. Pobre dela. Dei alguns passos e nunca cheguei ao formato do coração, que, dizem, ser o passo do samba. O coração invertido.
Valeu pela boa intenção.
Aqui na Bahia não tem carnaval nas cidades do interior, como Jacobina. Tem a micareta, que é o carnaval fora de época.
Eu não perco uma: vou para levar meus filhos, que, por sinal, só bons foliões, a esposa, que é baiana da gema, e para tomar minhas cervejas em lata.
E acredite: eu vou bom na lata. Passo horas e horas com a lata na mão, esvaziando, esvaziando, esvaziando... E tome lata!
Mas, voltando ao carnaval do Cassilândia Tênis Clube, lembro-me do empenho das mães para tornar os filhos coloridos, com suas plumas e paetês, sem medidas para o o bom gosto e para o mau gosto.
O bom do carnaval é isso: aproximar o brega do chique, ou melhor, tornar sem sentido essa coisa de brega e chique, de normal e anormal, de isso pode e isso não pode.
O carnaval, a meu ver, tem um lado altamente positivo: é o de acabar, mesmo que temporariamente, com a hipocrisia.
É no carnaval, meu amigo, que muitos homens aparentemente sérios saem do armário. E saem literal e fisicamente.
O “bloco das meninas” é composto por muitos assumidos e também por muitos enrustidos.
O carnaval é o empurrão psicológico para as pessoas soltarem, literal e fisicamente, a franga.
Quem tem tendência, já viu... assume mesmo e pronto! E tudo em nome do “abre alas, que eu quero passar...”
E há outro ponto positivo durante o canaval: quem não gosta da folia, lê mais, reflete mais, realiza mais, viaja mais, vive mais.
É neste período, afinal, que só há uma regra: é proibido trabalhar.
O carnaval é, no calendário oficial do ano, o período da preguiça permitida.
E quem ousa trabalhar, meu amigo, está frito: só encontrará gente sonolenta pela frente, pasmaceira, comércio fechado, falta de clientes, pagamentos atrasados, boa-vida, muita boa-vida.
O duro é você chegar à Quarta-Feira de Cinzas, estressado, louco para trabalhar, abir a empresa e dar de cara com os seus fucionários, que passaram quatro ou cinco dias (na Bahia carnaval é praticamente o ano inteiro) na folia, com aquela já esperada argumentação:
- Ô, chefe, dá um tempo, por favor! Estou cansado demais! Estou mortinho da silva! Não dá para a gente deixar isso para a segunda-feira que vem? Quebra o galho, vai...
Quer saber de uma? Certo estão os foliões. Errados estamos nós.
O Brasil, afinal de contas, não é o país do carnaval?
E olha: carnaval, no Brasil, é coisa tão séria, mas tão séria, que até o futebol pára. Dá para acreditar numa coisa dessa?
Pensando bem, amigo leitor, amiga leitora: eu, sim, é que sou um péssimo folião. Não tenho, afinal, o tal samba no pé.
Aliás, o que é samba mesmo?

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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