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A crônica do Corino - "Ave Maria, não! É avestruz!"

Corino Rodrigues de Alvarenga - 28 de novembro de 2006 - 07:21

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- Ave Maria, não! É avestruz! – foi corrigindo Dion Avelino, dono da Fazenda Confiança, localizada no agreste baiano, bem no município de Várzea Nova, localizado a uns 400 quilômetros de Salvador.
Chegava outro, espantado com tanta avestruz, assim como esse pobre cronista que vos escreve todos os dias, e dizia:
- Ave Maria!
E lá ia Dion de novo:
- Ave Maria, não! É avestruz!
Brincadeira à parte, a Fazenda Confiança conta com cerca de 400 avestruzes, animal que come quase tudo e que, ao contrário do que se imagina, engole pedras apenas para ajudar a triturar os demais alimentos.
A criação conta com exemplares da raça African Black. Avestruz faz lembrar o pássaro Curió, que, após um ano, fica preto. Passa, portanto, de pardo ou cinza para preto, numa metamorfose que vem de há milhares de anos.
Outra coisa que eu aprendi: avestruz não ataca com o bico, que, por sinal, é relativamente grande. O bico só serve para manter contato, para sentir. A arma do avestruz mesmo é a unha do pé.
O caseiro da fazenda – sempre o caseiro e, claro, não é o Francenildo, mas o Som – levou mais de dez pontos na perna ao ser atacado por um avestruz. Hoje, ele, já mais esperto na lida com os bichinhos – bichinhos é modo de falar, porque eles possuem uma envergadura acima dos dois metros e meio, ficando lá em cima e você aqui em baixo -, usa um gancho que prende o pescoço do avestruz, tirando toda a sua ação.
O ovo do avestruz, por exemplo, é impressionante: só a clara e a gema dá para fazer cerca de dez pratos de omelete e a consistência calórica é baixa, afinal o avestruz não tem colesterol.
A carne é deliciosa e custa cerca de R$ 35,00 nas casas especializadas da Bahia. Não é à-toa que um bom exemplar de avestruz chega a custar R$ 8 mil, mas um casal com seis meses de idade pode ser comprado até a R$ 1.500,00.
Mas o avestruz, criado em cativeiro com todas técnicas que originaram da África, apresenta outras fontes de renda. O couro, por exemplo, custa uma nota e é usado para fazer calçados, bolsas, cintos, vestimentas e afins. As plumas são usadas na fabricação de espanadores, desses que se usa nas lojas.
Ao contrário do boi, que tem uma gestação de 280 dias, o avestruz tem de 42 dias. Na ocupação de espaço, o avestruz também leva vantagem: são 30 animais por hectare, enquanto que a criação de bois exige um animal por hectare. A cria é de 15 a 20 aves por ano contra uma do boi. Enquanto os bovinos têm uma vida produtiva de dez anos, o avestruz tem de 40 anos. O boi produz 250 quilos de carne por ano e o avestruz chega a produzir, em média, 700 quilos. No que diz respeito ao couro, a produção do avestruz, em metros, também é bem maior: 15 a 20 contra a do boi que oscila de quatro a cinco. E no tempo de abate o avestruz também leva vantagem: 11 a 13 meses contra 30 meses do boi.
E o que come o avestruz? Ração balanceada, alfafa e tudo que vê pela frente. E como o avestruz faz amor? É simples. É igual ema, galinha, pato. Se criados em piquetes, ficam duas fêmeas e um macho. Mas se forem criados soltos na fazenda, não tem regra: cada macho que arrume a sua fêmea. Ou melhor, fêmeas. O bicho tem um apetite e tanto.
Como você pode perceber, eu fiquei craque em avestruz. Fiquei até com vontade de criar um casal. Pena que não dá para criá-lo aqui na garagem de casa. Também pudera. O bicho é gigantesco. E a garagem já é muito apertada.
Mas eu continuo pensando seriamente nisso. É sério, vai.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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