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A crônica do Corino - Apenas eleitor

Corino Rodrigues Alvarenga - 04 de outubro de 2006 - 07:22

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Apenas eleitor

Este cronista que vos escreve todos os dias – e quase sempre invadindo a sua privacidade com assuntos nem sempre agradáveis – fez quase de tudo na vida, mas só uma coisa ainda não fez: trabalhar no setor público. Nunca fui servidor público.
Só entrei em repartições públicas deste País, pelo menos até hoje, para pagar os meus sagrados impostos e para fazer reportagens. E olha: eu tenho um orgulho tremendo disso.
Não que eu eu tenha alguma coisa quem é servidor público. Longe disso. Tenho, inclusive, vários amigos no setor.
Mas, como eu vivo de escrever e de criticar os políticos, posso dizer agora que escrevo de cátedra, podendo falar do assunto sem ter, de alguma forma, o rabo preso. O meu rabo está solto.
E olha que eu venho de uma família de políticos. Um primo de terceiro grau, o ex-deputado Waldomiro Gonçalves, quase chegou a senador da República. Mas foi deputado federal.
Nunca votei nele, pois não era eleitor naquela época. Talvez votasse, afinal parente é parente. Mas nunca votei. Somos de época diferente.
Soube que hoje Waldomiro está descansando. Em casa.
Estive na casa dele, em Campo Grande, em 1986, quando escrevi o livro A Verdadeira História de Cassilândia. Almocei lá e até joguei uma partida de sinuca numa mesa que existia em sua residência.
Naquela mesma viagem a Campo Grande, estive com o então vice-governador Ramez Tebet, que depois assumiria o cargo de governador sul-mato-grossense. Estive no gabinete do vice-governador e também em sua residência. Ele me ajudou na época a publicar o livro sobre a história da cidade. Ramez havia recebido o título de Cidadão Cassilandense, em noite de gala na Câmara de Vereadores. Com direito a muitos tapinhas nas costas, claro.
Lembro que votei, em 1988, em Luizinho para prefeito e em José Donizete para vereador. Quando Luizinho ganhou a eleição, resolvi, assim que ele assumiu o cargo de prefeito, mudar para São Paulo com a família. Foi em março de 1989. Meus familiares não entenderam a minha decisão:
- Está louco, Corino? – era a minha irmã Antônia. - Você foi cabo eleitoral de Luizinho, subiu no palanque e até fez discurso pedindo votos para ele, e agora, como quem não quer nada, vai embora? Ele vai te dar um belo cargo, irmão.
Não quis saber de cargo. Dei o meu apoio e o meu voto para Luizinho e José Donizete porque achei que eles eram os melhores para Cassilândia. Se foram, acertei. Se não foram, paciência. Acreditei neles sem segundas intenções.
Mesmo longe de Cassilândia, soube que Luizinho, depois de prefeito, virou deputado e agora está se candidatando de novo.
Um cassilandense de renome é José Ancelmo, que foi secretário da Fazenda do governo Wilson Barbosa Martins e hoje é presidente do Tribunal de Contas, deixando, portanto, a política partidária. Aliás, o seu cargo, pela lei, exige isso.
Na eleição de 1988, não votei em Edio Amin, que alguns anos depois foi eleito prefeito e está hoje em seu cartório tocando a vida. Abandonou a politica. Não gostou. Eu não votei em Edio Amin naquela eleição, mas sempre reconheci sua inegável capacidade para a gestão de negócios. E, portanto, pública. A política precisa de homens sérios como Edio Amin.
Outro nome que fez sucesso na política de Cassilândia foi Jair Boni Cogo, prefeito por três mandatos. Com certeza, Jair não pensa mais em retornar. Três mandatos já foram mais do que suficientes para realizar o que tinha para realizar. Acredito que ele já entendeu isso.
De Jair, lembro de uma frase proferida durante uma entrevista de página inteira, publicada no Cassilândia Jornal, quando estive em sua residência:
- O primeiro socialista da humanidade foi Jesus Cristo.
Achei aquela frase linda. Saí de lá admirando a inteligência daquele homem. E fiquei a repetir aquela frase quando li novamente a entrevista:
- O primeiro socialista da humanidade foi Jesus Cristo.
Hoje penso diferente: Jesus não foi socialista. Foi, sim, humanitário. O socialista é aquele sujeito que obriga você a ser feliz com um machado na mão e uma foice no pescoço. Que o digam os moradores do Leste Europeu.
A intenção pode ser boa, mas não funciona.
Dei toda essa viagem para chegar à seguinte conclusão: a minha única relação com a política e com os políticos é a minha teimosia em escrever, religiosamente, todos os dias.
Falar mal de políticos, além de dar Ibope, me deixa, de certa forma, com a sensação de dever cumprido, resignado. A minha indignação com os maus políticos vai diminuindo na medida em que vou escrevendo. Cada palavrão é a minha vingança. E tenho me vingado muito. Comigo é assim: bateu, levou!
E isso, meu amigo, não tem preço. Não tem emprego público que pague.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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