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A crônica do Corino - Agricultor, o herói

Corino Rodrigues Alvarenga - 31 de outubro de 2006 - 03:51

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Considero um verdadeiro absurdo o que os nossos governantes, desde que o Brasil foi descoberto, fazem com a agricultura. E, nessa leva, com os pobres agricultores deste País.
Não estou aqui culpando o nosso querido presidente, afinal ele não é o único culpado. Isso vem de longe e, se nada for feito de efetivo, ainda irá longe. Ele tem, porém, sua parcela de culpa.
Eu li, há algum tempo, esta notícia no site Cassilandianews e estou transcrevendo, em parte, para fazer uma análise mais aprofundada. Leia e acompanhe o meu raciocínio.

Refinanciamento: 30% dos produtores procuraram o BB

O superintendente do Banco do Brasil, José Carlos Batista, está preocupado com o total de produtores rurais que procuraram a instituição para refinanciar as dívidas agrícolas. Apenas 30% do total de produtores rurais que contrataram os débitos procuraram o banco. O superintendente esteve ontem (06), na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) para alertar o presidente da entidade, Ademar Silva Júnior.
Apenas 30% dos produtores rurais procuraram o Banco do Brasil. “Estou preocupado porque o prazo termina no dia 30 de setembro e se os produtores decidirem buscar o refinanciamento no fim do prazo podem não conseguir faze-lo”, alerta Batista.

Tudo bem, tudo bem. O governo financia a agricultura. Mas o governo que financia a preparação da terra, o plantio e a colheira é o mesmo que não oferece preço mínimo, condições favoráveis para o armazenamento e o escoamento da produção.
Enquanto o produtor brasileiro planta, cai nas mãos do atravessador, fica com a dívida pendurada no cabide do banco e vai à bancarrota, o agricultor norte-americano e o europeu recebem todo tipo de incentivo oficial, com subsídios que lhes permitem obter lucro e brigar no mercado internacional, exportando mais devido à oferta a preços atraentes dentro de um mercado muito competitivo. Lá, eles são incentivados; aqui, são pisados...
E sempre tem a China. Sempre está lá a China com sua mão-de-obra semi-escrava. Ou escrava, sei lá.
Uma política abrangente para a agricultura será capaz de, finalmente, fazer com que nós, brasileiros, justifiquemos todo este paraíso terrestre gigantesco propício para a produção agrícola.
Mas, por enquanto, estamos entoando o Hino Nacional: “Deitado em berço esplêndido...”
O Japão, por exemplo, tem 80% de seu território tomado por montanhas e, mesmo assim, produz lá suas toneladas e mais toneladas de grãos. Eu já li isso um dia: os japoneses importam terra de países vizinhos porque a deles já está ficando podre de tanta plantação contínua ao longo dos anos. Imagine você isso...
Você já procurou saber o porquê de a Suíça não ser grande produtor de cacau e produzir os melhores chocolates do planeta? Eles não plantam cacau, mas importam, produzem, trabalham de sol a sol. Aliás, se tem uma coisa que praticamente não há por lá é sol. E trabalham. E ralam pra caramba! E o Brasil, que produz cacau, com mão-de-obra semi-escrava – ou escrava, sei lá – leva, sim, um chocolate como integrante do mercado mundial. A única relação do Brasil com a Suíça é o envio de dólares e euros feito por autoridades corruptas que limpam os cofres públicos por aqui e escondem o dinheiro nos paraísos fiscais, dentre eles a Suíça.
As autoridades deste País - que têm na sua mesa farta o arroz, o feijão, a soja, o trigo, a batata, o milho e o escarcéu todo – precisam valorizar bem mais o homem do campo. E e a mulher do campo também. E o jovem do campo bém. E a criança do campo também. Ah!... E os idosos do campo também.
Afinal, meus amigos, o computador e os equipamentos de alta tecnologia não vão cultivar a terra e produzir. Nunca existiu, não existe nem existirá tecnologia de ponta capaz de substituir o roceiro, o homem da enxada, da foice, da plantadeira, do cutelo, do facão.
E, se um dia faltar comida na mesa, será um deus-nos-acuda. E olha, amigo: Deus não põe a mão em cumbuca. Deus dá a inteligência, mas o livre-arbítrio pertence ao homem.
Quer saber de uma, amigo agricultor? Se o homens do colarinho permanecerem de braços cruzados lá em Brasília, mande eles irem plantar batata...

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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