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A crônica do Corino

Corino Rodrigues Alvarenga - 23 de setembro de 2006 - 08:15

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Os portugueses, no período da colonização do Pau Brasil, trouxeram grandes benefícios para cá. Ninguém pode negar isso. Mas também fizeram algumas bobagens históricas. Uma delas – bobagem, não; crime – foi o de ter ido à África para trazer os negros para servirem como escravos por aqui.
Mesmo seguindo a tendência mundial à época, os portugueses cometeram esse crime brutal de manter pessoas escravizadas com fundamentação na cor da pele. Houve um desrespeito à condição humana em relação àquela minoria étcnica que até hoje, mesmo com tantas políticas públicas de igualdade social lançadas pelos governo de centro-esquerda e de esquerda, ainda assim a dívida é gigantesca.
Na minha modesta opinião – e isso não é falsa-modéstia: minha modesta opinião é modesta pra chuchu, camarada! -, eu acho péssimo chamar esses irmãos brasileiros de negros ou pretos. Senão vejamos: no Brasil, por puro racismo ou até por vício de figura de linguagem e estilo, negro é comparado a tudo que é negativo.
Até os intelectuais, em suas palestras ou em entrevista à Imprensa, não perdem a mania:
- O quadro atual, no Brasil, é negro.
Ou:
- O jogador de futebol vive uma fase negra em sua carreira.
Horrível isso.
Preto, a meu ver, não discrimina raça, mas cor.
Afrodescendente, um termo ética e politicamente correto, é o que está mais em moda no Brasil. Acho incompatível ter que dirigir aos nossos irmãos usando esse termo: afrodescendente.
Já imaginou uma mãe dizer isso?
- O meu marido é afrodescendente, mas meu filho, como eu sou branca, nasceu meio-afrodescendente.
Horrível também.
Eu sou simpático e adepto ao termo moreno. Acho linda essa expressão. E mais: alguém se importaria de ser chamado de moreno? Acho que não. Acho, não. Tenho certeza.
Por que, em vez de afrodescendente, não é utilizado o moreno? Até hoje não entendi isso.
Sou contra qualquer tipo de preconceito. Aliás, todo mundo, no Brasil, diz a mesma coisa. O governo é contra o preconceito, embora dê mais empregos para os brancos filhos de brancos porque puderam estudar nas melhores escolas particulares e também, em seqüência, nas melhores universidades públicas do País. As ONGs têm isso como discurso obrigatório. Então é preciso que isso fique explícito também na lei.
Sou, por convicção, contra oferecer cotas para negros ou índios nas universidades públicas. O que o governo brasileiro precisa, meu amigo, minha amiga, é tomar vergonha na cara e acabar com esse abismo chamado preconceito sócio-racial.
É um absurdo que nossos irmãozinhos afrodescendentes (eu prefiro morenos) sejam tratados como raça inferior. Em vez de cotas, investimento num sistema educacional decente, abrangente, que chegue às regiões urbanas e rurais, aos verdadeiros guetos formados nas grandes cidades, às favelas onde há brancos e afrodescendentes miseráveis, sem perspectivas de vida.
Mas, para fazer isso, os nossos governantes precisam perceber que são apenas agentes públicos que devem satisfação à sociedade brasileira, que são os nossos empregados, que seus salários são pagos graças a essa cruel política tributária e fiscal, que devem dar retorno ao suor que nós, brancos, negros, índios, mestiços, migrantes, mas brasileiros, derramamos.
Mas, no fundo e olhando para as lindas mulatas que são a marca registrada do Brasil, eu, com um dedo de admiração e até um pouco de inveja, quero que fosse adotado o termo raça morena.
Até no superlativo soaria bem: moreníssima, moreníssimo. Nos adjetivos também: morenaça ou morenassa, moreninha, morenona ou simplesmente morena.
Acho que aprendi a gostar desse termo porque nasci em Mato Grosso do Sul, terra das lindas mulheres de origens índia e paraguaia, com seus lindos e longos cabelos pretos, lisos ou crespos, mas lindos.
E mais: só em Mato Grosso do Sul, mais precisamente em Campo Grande, a Cidade Morena, tem uma emissora de TV com esse nome: TV Morena, afiliada da Rede Globo.
PS: Eu estou escrevendo tudo isso não é por causa da minha vizinha, Solange, uma morena, por sinal, muito linda.
Se alguém insinuar alguma coisa, não acredite, por favor, hein?! Tudo não passa de fofoca...

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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