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A crônica do Corinho - Baianinho da Rodoviária na Bahia

Corino Rodrigues de Alvarenga - 22 de agosto de 2007 - 10:05

Corino Rodrigues de Alvarenga
Corino Rodrigues de Alvarenga

Um dia seria inevitável: Baianinho da Rodoviária, por ser baiano, teria que retornar à Bahia. Mas isso já não é novidade: Baianinho faz isso, ao lado dos amigos Nivaldo e Alberto Porto, praticamente todos os anos. É sagrado. É batata.
Já ao chegar à pequena Mairi, o trio de cassilandenses percebeu que em Mairi não tinha jeito. A terra natal de Baianinho, afinal de contas, só tem uma pequena rodoviária e uma minúscula, quase inexistente, pensão. O jeito foi se refugiar numa pousada em Várzea da Roça, uma cidade de sertão, crava no semi-árido baiano, terra boa para cultivar sossego, muito sossego.
Baianinho da Rodoviária, já sentindo a quentura do lugar, foi a um restaurante. Pediu à garçonete, que era a mulher do dono do estabelecimento. Disse, educadamente:
- Minha senhora, me dê Cristal.
- Cristal? O senhor vai comer minério? O senhor é macrobiótico?
- Não, minha senhora. Eu sou é etílico-biótico.
- Mas Cristal não é pedra, não é mineral?
- Nunca foi. Cristal é a minha cerveja favorita, senhora. Não é fazer merchandising, não, mas ela é boa pra chuchu.
- O senhor não vai encontrar essa marca de cerveja aqui, não, moço. Na Bahia, só tem Brahma, Skol, Sol, Antactica, Nova Schin...
- Com esse calor de tirar pica-pau do oco, vai qualquer uma.
Baianinho ficou pela Bahia por uma semana. Foi o suficiente para começar a preocupar as autoridades locais. Não se sabe o porquê, mas houve um início de rebuliço pela cidade e região. O nível local de estresse começou a aumentar. Até as igrejas começaram a andar mais cheias.
Aí o delegado Sabino descobriu o motivo de toda aquele clima de agitação. Todo bom bebedor de cerveja ia aos bares, restaurantes e lanchonetes e... nada! Cadê cerveja? Cadê cachaça? Cadê Pitu?
Contam as más línguas – e eu só estou repassando o que me passaram, sem aumentar um ponto sequer neste conto – que o estoque regulador de cerveja na cidade e região caiu assutadoramente, que o produto já estava sendo racionalmente no primeiro momento e começou a faltar num estágio mais avançado.
Dizem essas mesmas más línguas que as cervejarias passaram a enviar caminhões e mais caminhões carregados de cerveja para região de Mairi e Várzea da Roça.
Coincidência ou não, no sábado em que Baianinho da Rodoviária viajou rumo a Cassilândia, deixando para trás a Bahia, tudo voltou a normal. Já havia cerveja no balcão, no freezer e nos estoques dos bares, das lanchonetes, dos botequins e nos afins das duas cidades.
Ao se despedir da família, o sobrinho de Baianinho da Rodoviária, o peralta Severino, perguntou-lhe, enquanto mordia o lápis e segurava um caderninho amarelecido, na expectativa de fazer a lição de casa:
- Tio Baianinho, me ajuda a fazer essa tarefa. A metade de 50 é 25. E a metade de 51?
Baianinho pensou, pensou e saiu com essa:
- A metade de 51, sobrinho querido do titio, é meia garrafa de cachaça.
Todos ficaram rindo.
E Baianinho, ao lado de Alberto e de Nivaldo Porto, partiram. Partiram rumo a Cassilândia.

Corino Rodrigues de Alvarenga
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