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A Aids se espalha pelo país

Agência Notisa - 30 de novembro de 2004 - 16:19

Doença que parecia restrita a pessoas de alta escolaridade hoje afeta principalmente quem pouco freqüentou a escola.

Enquanto na década de 1980 a Aids parecia restrita a pessoas de alta escolaridade, hoje a doença atinge principalmente quem pouco freqüentou a escola. É o que comprova pesquisa realizada por Maria Goretti Pereira Fonseca, da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, do Ministério da Saúde. O estudo mostra que, ao longo dos anos 1990, a Aids se espalhou entre pessoas com oito anos ou menos de estudo, sobretudo do sexo feminino, residentes em pequenos municípios, que se contaminaram com o vírus HIV por meio de relações heterossexuais ou pelo uso de drogas injetáveis.

Ao analisar dados do Ministério da Saúde, os pesquisadores verificaram que, de 1989 a 1997, foram registrados cerca de 107 mil casos de Aids entre pessoas de 20 a 69 anos diagnosticadas com a doença pelo menos uma semana antes de falecer. “O número de casos registrados aumentou expressivamente entre 1989 e 1992, com uma aparente estabilização em torno de 17 mil casos novos por ano após 1995”, afirmam os pesquisadores em artigo publicado na Revista de Saúde Pública em dezembro de 2002.

A equipe de Fonseca constatou que, em 1989, havia seis homens com Aids para cada mulher doente. Em 1997, a proporção de casos femininos tinha aumentado: havia apenas dois homens com Aids para cada mulher com a doença. Além disso, em 1989, dos homens doentes cuja escolaridade era conhecida, metade tinha mais de oito anos de estudo. Mas o perfil dos pacientes do sexo masculino era outro em 1997, quase dez anos depois: 70% deles apresentavam oito anos ou menos de estudo. No caso das mulheres, 71% tinham baixa escolaridade já no primeiro ano analisado.

Quanto à distribuição dos casos de Aids pelo território brasileiro, a equipe de Fonseca comprovou que a epidemia da doença se encontra em estágio mais avançado na região sudeste, onde já em 1989 havia grande proporção de pacientes com baixa escolaridade. Nas outras regiões do país, onde a epidemia é mais recente, a proporção de doentes de baixa escolaridade só começou a aumentar na década de 1990. “A evolução da epidemia de Aids no Brasil afeta seletivamente uma população menos favorecida do ponto de vista socioeconômico com implicações importantes para as ações de prevenção e assistência”, dizem no artigo os pesquisadores, ressaltando a importância de se investir em educação para que as pessoas mais pobres aprendam a se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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