Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quinta, 25 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

97,6% dos cursos supletivos estão abaixo da média

G1 - 01 de maio de 2009 - 14:55

Quando o estudante busca um curso supletivo (hoje chamado de Educação de Jovens e Adultos - EJA), ele já está correndo atrás do prejuízo. No entanto, a volta para o banco escolar não garante um ensino de qualidade. De acordo com os dados tabulados pelo G1 com base no desempenho das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2008, 97,6% dos cursos estão abaixo da média nacional no exame, que é de 49,45 pontos de um total de 100.

Somente 64 escolas, de um total de 2.736 com nota no exame, passaram essa média. No topo da lista dos cursos de EJA, o Centro Educacional Delta, na cidade de Planaltina (DF), destaca-se com 63,66 pontos (com a correção de participação), média semelhante a de colégios particulares tradicionais, como o Colégio Nossa Senhora de Sion, da capital de São Paulo, que obteve 63,79. No ranking do país, a média mais alta foi de 80,58, alcançada pelo Colégio São Bento, no Rio.

O segredo para isso? “Não fazemos um supletivo paternalista. Não é porque o aluno trabalha, está cansado, que deve ter menos cobrança do que um aluno do ensino regular”, afirma Milton Alves Ferreira, 44 anos, diretor e proprietário da escola, que ocupa a 1.096ª posição no ranking geral do país.

“Se o aluno não conseguir nota na disciplina, o professor não vai dar um trabalhinho para ele recuperar a nota, não. Exigimos presença em sala de aula e prezamos a qualidade do corpo docente.”

A confirmação disso vem da ex-aluna Graziela Rocha Ferreira, 19 anos, que, após fazer o segundo e o terceiro anos no EJA do Delta, foi aprovada no curso de ciências naturais da Universidade de Brasília (UnB). “Era puxado o curso. Tenho um amigo que chegou a ser reprovado no EJA do Delta porque não conseguiu nota suficiente para passar”, diz.

Com carga horária total de 1.200 horas, o curso é feito em três semestres _cada um corresponde a um ano do ensino médio. A mensalidade é de R$ 129. “Tento manter o preço de custo, mesmo porque, pelo perfil dos alunos, não teria como ser muito mais caro. Acontece muitas vezes de eu precisar segurar o pagamento e pré-datar cheques”, afirma o diretor da escola. São 230 alunos no EJA e outros mil no curso regular de educação básica e ensino médio.

Trabalho

O perfil do aluno ajuda a explicar o baixo desempenho dos cursos de EJA no Enem. Vindos de um universo de pessoas de baixa renda, esses jovens tiveram de abandonar os estudos para trabalhar.

“Eles não podem esperar pelo diploma, precisam ir logo para o mercado de trabalho”, avalia Nelio Bizzo, professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O histórico familiar também tem influência sobre isso.

“Muitas vezes, pais com baixa escolaridade não dão tanta importância à continuidade dos estudos. Ao voltarem a estudar, até por já terem vindo de escolas da rede pública, com ensino deficiente, terão um desempenho aquém de um aluno regular.”

Das 26.665 escolas de ensino médio que constam do Censo Escolar, 24.253 tiveram alunos que participaram do Enem no ano passado. Dos 2,9 milhões que fizeram o Enem em 2008, 69,3% declararam ter cursado todo o ensino médio em escola pública.

SIGA-NOS NO Google News