O governo federal começou ontem a montar uma estratégia para enfrentar o agravamento das tensões no campo em 2005, segundo informou o ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Entre as medidas previstas está a criação de um comitê intergovernamental sobre violência no campo, que terá reuniões mensais de avaliação e será integrado por órgãos policiais, de inteligência e de ministérios. A cada sinal de conflito, o comitê adotará medidas específicas.

Com base em informações da Agência Brasileira de Informação e da inteligência da Polícia Federal, o governo trabalha com a perspectiva de que os conflitos fundiários vão aumentar no próximo ano, em conseqüência da aceleração da reforma agrária e da solução de pendências fundiárias em terras com alto grau de litígio, como a Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Segundo Nilmário, há uma relação simétrica entre reforma agrária e conflito. "Quando uma avança, a outra acompanha, mas não quer dizer que resulte em violência, pois numa democracia os conflitos se resolvem com mediação." Para exemplificar, citou que em 2004 ocorreram 14 mortes no campo, relacionadas à luta pela terra, contra 42 assassinatos ocorridos em 2003.

Paradoxalmente, este ano foram assentadas cerca de 90 mil famílias, o dobro do total de assentamentos de 2003. "Ou seja, de um ano para o outro, cresceram os assentamentos e os conflitos, mas houve menos derramamento de sangue."

As medidas foram discutidas na reunião da Comissão Especial de Combate à Violência no Campo. Uma delas é a consolidação de varas agrárias nas regiões mais conflituosas. Fonte: Jornal O Estado de São Paulo