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“Pílula do câncer não é milagrosa”, diz médico

EPharma Notícias - 01 de maio de 2016 - 12:30

Ela começou a ser estudada no fim dos anos 80, pelo então professor do Instituto de Química de São Carlos, Gilberto Chierice. A fosfoetanolamina sintética já foi distribuída gratuitamente, banida, produzida só sob ordem judicial e, agora, seu uso foi autorizado por lei (leia mais abaixo).

Todo esse processo é enxergado como alarmante pela comunidade científica: “A ‘fosfo’ não passou pelas etapas necessárias de pesquisa clínica e farmacêutica, portanto, não há como dizer se ela funciona”, diz o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha.

A pílula agiria “marcando” as células cancerosas para que o próprio corpo, através do sistema imunológico, as eliminasse. Isso só é possível porque essas células são anaeróbicas (não utilizam oxigênio), o que significa que as mitocôndrias, que realizam a respiração celular aeróbica, estão inativas. A fosfoetanolamina ativaria as mitocôndrias, sinalizando a presença da célula defeituosa no organismo. Assim, o sistema imunológico entraria em ação, estimulando a apoptose, um tipo de morte celular.

Segundo Eládio Amorim, taxista de Recife, foi isso que fez a sua esposa, Alda de Souza, apresentar uma melhora significativa. No começo de 2014, ela foi diagnosticada com um carcinoma mamário já em estágio avançado. Em maio do mesmo ano, ela já não respondia mais à quimioterapia, e, em julho, fez uma mastectomia. O marido, em pesquisas, descobriu a fosfo, nome pelo qual a substância é popularmente chamada: “Contratei uma advogada em São Paulo que deu entrada no processo para obtermos a pílula. 15 dias depois o remédio chegou”. Durante os 15 dias de espera, ele afirma que os médicos foram categóricos. “Eles disseram que não tinha mais o que fazer, o câncer tinha entrado em processo de metástase. Já tinha ido para a garganta dela, ela não respirava direito, não falava direito, não comia mais”.

De acordo com o taxista, a melhora de Alda já era nítida três dias após o início do tratamento com o novo remédio. “Ela voltou a comer, saiu da cama, até andou de bicicleta. Ficou cheia de vigor”, afirma. Depois da primeira remessa, que durou um mês, eles não conseguiram mais pílulas, mesmo com a ordem judicial. Eládio relata que o câncer voltou com tudo e, em dezembro, Alda morreu.

“A ciência não conhece tudo sobre o câncer, há casos em que a doença pode não progredir, e isso se confunde com “ela não progrediu porque usou o remédio”. Isso não é necessariamente verdade”, comenta Mauro Aranha. Como o remédio não foi testado em humanos, não se conhece o seu nível de toxicidade e se ele realmente é superior a outras drogas. “Um outro problema é que não sabemos qual relação medicamentosa pode se estabelecer entre a fosfoetanolamina e as drogas convencionais”, explica.

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