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Depen quer fazer novo concurso de redação em 2008

Agência MJ - 30 de outubro de 2007 - 14:01

Brasília, 30/10/07 (MJ) – A quantidade e a qualidade dos cerca de 7,9 mil textos recebidos pelo Concurso de Redação Escrevendo a Liberdade surpreendeu a equipe responsável pela seleção e dificultou a escolha dos quatro primeiros colocados.

O sucesso da iniciativa foi tão grande que o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, já pretende realizar um segundo concurso de redação no próximo ano. “A receptividade que o concurso teve no âmbito das unidades federadas foi extraordinário”, disse o diretor-geral do departamento, Maurício Kuehne.

Inédito no Brasil, o concurso foi voltado à comunidade carcerária brasileira de todo país e teve como objetivo promover um canal de comunicação deste público com a sociedade e provocar uma reflexão sobre a importância da educação para a reinserção social dos presos brasileiros.



A expectativa do Ministério da Justiça é dobrar o número de participantes. “Diante das dificuldades que enfrentamos para divulgação, achei que o resultado atingiu plenamente as expectativas. Agora, nós queremos dobrar ou até triplicar o número de inscritos para o ano que vem”, defendeu Kuehne.

O Concurso de Redação Escrevendo a Liberdade foi lançado em abril deste ano pelo Depen, do Ministério da Justiça, e pela Alfabetização Solidária (AlfaSol) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e o Ministério da Educação (MEC).

O concurso de 2007 recebeu 7.875 redações. Desse total, 89% foram escritas por homens e 11%, por mulheres.

O segundo lugar no concurso Escrevendo a Liberdade foi concedido ao reeducando João Batista Cezário Filho, 23 anos. Antes de ser preso, o detento tinha terminado a 8ª série do Ensino Fundamental. Hoje, na Penitenciária Dr. Pio Canedo, em Minas Gerais, ele cursa o Ensino Médio e disse que o concurso foi uma chance para mostrar que a pessoa pode ser produtiva, mesmo dentro do cárcere.

“Foi uma oportunidade para mostrar que existem pessoas que querem, realmente, ressocializar. Apesar de muita gente não acreditar nisso, achar que somos marginais. O importante é cada um buscar, dentro de si, ter força de vontade e querer mudar”, disse João Batista Cezário Filho.


Ele acredita que a vivência dentro de uma prisão transforma as pessoas. “O aprendizado é muito grande. Depois que a gente está preso, a gente vê o real valor da liberdade. Não só da liberdade física, mas da liberdade espiritual, de tratamento. Liberdade como estado físico e não só o ir e vir”, defendeu..

O reeducando veio a Brasília para receber a premiação (R$ 500 e um kit de livros) e participar do Seminário de Articulação Nacional e Consolidação das Diretrizes para a Educação no Sistema Penitenciário, que segue até a próxima quinta-feira (01), no Hotel Grand Bittar.

De acordo com uma das julgadoras do concurso Escrevendo a Liberdade, a professora Ana Enedi Prince, da Universidade do Vale Paraibano (Univap), os internos conseguiram se expressar por meio da escrita. “A experiência foi muito interessante e altamente relevante, já que os presos foram valorizados pelas suas qualidades e competências e não pelos seus delitos”, afirmou ainda a professora da Universidade Mogi das Cruzes, Francine Martins.


De acordo com a comissão que selecionou as redações finalistas, muitos textos foram narrativas das histórias de vida dos internos. A criatividade foi outro ponto forte das redações inscritas no concurso. Na opinião da professora Maria Fátima Rotta Furlanetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), os concorrentes são contadores de histórias para um público determinado. “Que bom que tiveram voz e puderam mandar seus recados”, destacou.



A primeira triagem, realizada por estudantes e profissionais de educação, selecionou 30 redações finalistas, cujos autores receberão, cada, um prêmio de R$ 500 e um kit de livros.



Para apontar os três primeiros colocados, a coordenação do evento compôs uma Comissão Nacional, integrada por 11 jurados. Participaram desta comissão:



- o representante do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), Mário Julio Pereira da Silva;

- a superintendente da Fundação Bradesco, Ana Luisa Restani;

- a diretora executiva do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (ILANUD), Paula Miraglia;

- o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny;

- a coordenadora do Projeto Todas as Letras da CUT, Maristela Miranda Barbara; - a professora da Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Ceará, Angela Linhares;

- o rapper e escritor Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz;

- o secretário executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL/Brasil), José Castilho Marques Neto;

- o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Padre Gunther Zgubic;

- o escritor Antonio Prata;

- e o médico, pesquisador e referência em população carcerária Drauzio Varella.

De acordo com o resultado apontado pela Comissão Nacional, o primeiro lugar foi conquistado por Anderson Aparecido Machado, do Centro de Detenção Provisória de Diadema (SP); o segundo lugar por João Batista Cezário Filho, da Penitenciária Dr. Pio Canedo (MG); e o terceiro lugar por Alexandre da Silva Camillo, do Centro de Detenção Provisória de Suzano (SP).

Além da classificação indicada pela Comissão Nacional, as 30 redações foram democraticamente disponibilizadas no site do Centro de Referência de Educação de Jovens e Adultos (Cereja), da Alfabetização Solidária, para que o júri popular apontasse a melhor redação. Nesta eleição, o texto escolhido foi escrito por Márcio Augusto dos Santos, da Penitenciária I de Serra Azul (SP).



Para conhecer as redações vencedoras, basta clicar no endereço:

http://www.cereja.org.br/detalhe_dnm.asp?SecaoId=13&MateriaId=4425 .

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