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"Bernal - virou poça de água"

Manoel Afonso - 14 de março de 2014 - 15:20

"Bernal -  virou poça de água"

AZARADO ou imprudente? A aventura de Pedro Chaves em se meter a articulador político de Bernal é comparada àquele cidadão que tendo 500 poltronas disponíveis no recinto foi escolher justamente aquela situada debaixo da goteira.


A PERGUNTA da hora. Bernal volta? Difícil responder. Processos desta natureza, pelo caráter punitivo, estão sujeitos a revisão do Judiciário quando há indícios de violação de princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.


DETALHE Pelo princípio da independência dos 3 poderes, o Judiciário não pode interferir na atividade fiscalizadora da Câmara. O processo de cassação de mandato pelo Legislativo é independente de qualquer procedimento judicial.


CONCLUSÃO O que o Poder Judiciário não pode é avaliar os motivos, para entender justa ou injusta a deliberação do plenário, porque isso é matéria exclusiva (interna corporis) da Câmara e assim sujeita unicamente ao seu juízo político.


ARREMATE Ao Judiciário cabe conferir: foram atendidas as exigências previstas na lei e regimento interno da Câmara?

Efetivamente há os motivos que justificaram a decisão? Os motivos são tidos como infração político-administrativo?


AS CHANCES de Bernal estaria centradas em eventuais descumprimentos de normas (falhas) ao longo do procedimento pela Câmara. No mérito, ficaria difícil ao Judiciário desqualificar como insubsistentes todas as nove irregularidades listadas.
DELÍRIO Bernal insiste: a sua votação foi superior, seria mais legítima que os votos dos vereadores que o cassaram. Ora A legitimidade de poder não se afere pelo número de votos do titular e a vitória nas urnas não é passaporte para a impunidade.


MEMÓRIA Se a tese de Bernal fosse verdadeira, Collor de Mello, com seus mais de 35 milhões de votos jamais poderia ter sido cassado. Aliás, ambos têm algo em comum: não se relacionaram bem com o poder legislativo, tratando-o com desdenho.


O TEIMOSO Bernal lembra aquele personagem surdo - que só porque tinha atravessado a nado o Canal da Mancha - se julgava no direito de caminhar todos os dias no túnel da ferrovia. Não deu outra: acabou atropelado e aos pedaços.


‘REI SOL’ Bernal ignorou o episódio Collor; as aulas de D. Constitucional (Divisão dos Poderes) e o rei Luiz XIV, onde sua soberba e prepotência justificaram duas frases eternizadas: “L’ État c’est moi” e “Amei demasiado a guerra”.


O EX-PREFEITO exagerou na pessoalidade de seu governo e guerreou infantilmente contra a Câmara e outras lideranças, vangloriando-se no rádio/internet da sua vitória. Turrão, só tinha projeto de poder, esquecendo-se do projeto de governo.


HABILIDADE Imprescindível na política. O ex-prefeito confundiu legislativo com Executivo e manteve a postura após ganhar as eleições. Não atraiu as lideranças de partidos apoiadores no 2º turno temendo ter que compartilhar o poder.
DOIS EXEMPLOS Eleito, Tancredo Neves costurou seu ministério mesclando competência e forças partidárias.

Contemplou a todos. Zeca do PT, antes da posse já garantira a governabilidade com amplo entendimento na Assembleia.


DIFICULDADES Como formar uma equipe sem ter amigos? Com habilidade seria possível. Bernal chegou e saiu sem ter completado o secretariado. Também não se tem notícia de quem efetivamente exerceu a chefia de seu gabinete. Pode?


LANCES Conheci ‘Chocolate’ nos corredores da TV. Humildade em pessoa. Não há como não gostar dele! Bernal conseguiu a proeza de transformá-lo em adversário. E ao invés de agradar João Rocha, criou atritos com sua mulher, professora.


OLARTE Apesar de desprestigiado na administração e também criticado por Bernal, não perdeu a compostura e evitou polemizar. Ciente de que o cargo de vice prefeito proporciona apenas expectativa de direito, manteve assim a classe.


O DISCURSO de Olarte foi tudo que a classe política e a opinião pública queriam ouvir. Sem referências jocosas e sinais de revanchismo/ódio, simplesmente pregou a união de todos para recuperar o tempo perdido. Ganhou a simpatia geral.


SEM ILUSÕES Olarte sabe: ao escolher secretários e outros agentes administrativos terá que conciliar o fator político com capacidade gerencial (profissional). A pressão nos bastidores é evidente, existem muitos interesses políticos em jogo.


A CAPITAL Governá-la não é difícil. Basta olhar para as administrações anteriores para concluir o quanto a cidade melhorou. Claro, a capacidade gerencial passa pela boa relação com a Câmara e projetos técnicos que viabilizem recursos federais..


MEMÓRIA Na inauguração da avenida rumo ao aeroporto, o ministro das cidades foi categórico: “Campo Grande recebia aqueles e outros benefícios do Governo porque ela atendia todos os requisitos em seus projetos técnicos apresentados ”.
À POPULAÇÃO não interessa a origem do dinheiro e nem a paternidade política da obra. Quer a solução dos problemas, independentemente de quem leve vantagem eleitoral, que aliás será matéria para apreciação em campanha eleitoral.


CONTABILIDADE É cedo para avaliar. Além de vereadores foi decisiva a atuação de forças políticas nos bastidores. A influência no pleito de 2014 é duvidosa. Quanto a Bernal, politicamente virou uma espécie de poça de água: todos o evitarão.


“Se é mineiro não é radical. Se é radical não é mineiro”. (Tancredo Neves)

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