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'Psicólogo não tem varinha de condão', diz bispo de Três Lagoas sobre"cura gay"

JP News - 24 de setembro de 2017 - 09:19

A jornalista Kelly Martins, do JP News fez entrevista com o bispo Dom Luiz Knupp, líder da igreja católica no Bolsão. Cassilândia e cidades da região pertencem a diocese. Leia, o assunto que voltou a ser polêmica depois da decisão de um juiz de Direito.

POLêMICA


'Psicólogo não tem varinha de condão', diz bispo católico sobre 'cura gay'


Em entrevista ao JPNEWS, o bispo da Diocese de Três Lagoas, Dom Luiz Knupp, comentou sobre a polêmica que envolve a reversão sexual


Bispo declara que a igreja tem a missão de acolher todas as pessoas 


Um debate que parecia estar superado, mas acabou ressurgindo com uma nova decisão judicial que trouxe à tona discussões sobre a “cura gay”. Termo popular para a chamada “reversão sexual”, que nos últimos dias ganhou destaque diante da decisão do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho, do Distrito Federal, que autorizou psicólogos a oferecer supostos tratamentos contra a homossexualidade, o que é proibido no Brasil desde 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). E, claro, junto à opinião pública, o assunto se diverge.


“Nenhum psicólogo tem varinha de condão que possa transformar a pessoa. O profissional não arrasta ninguém para o seu consultório. É a pessoa que procura o psicólogo porque está incomodada com alguma situação e quer ajuda de um profissional para lidar com isso. Este e nem ninguém pode interferir na sua decisão”, considera o bispo da Diocese de Três Lagoas, Dom Luiz Knupp ao ser questionado sobre o assunto pela reportagem do JPNEWS. Apesar de se posicionar favorável à decisão do magistrado - que promove a tal “liberdade” de escolha - o líder católico também pondera sobre o fato de que não há comprovação científica de que o homossexualismo seja uma doença.


É o que garante o Conselho sobre terapias de reversão sexual: violação dos direitos humanos e sem embasamento científico. Se bem que na decisão, o juiz não disse que os homossexuais precisam de tratamento, apenas garantiu o direito dos psicólogos de tratar essas pessoas.


E como a Igreja Católica vê essa questão? Se não é doença, então é o quê?


Bispo – Até hoje não se tem uma definição acabada. Tem-se divergências na compreensão da causa entre os cientistas. A igreja não é ciência. A igreja parte daquilo que a ciência vai definir e hoje não tem uma posição acabada sobre isso. Nós, enquanto igreja, tratamos, sim, da pessoa, naquilo que ela é. O homem é imagem e semelhança de Deus, independente de qualquer situação, em que se encontra. Sabemos que as pessoas têm os seus condicionamentos culturais, históricos. Isso não anula o princípio de quem ela é. A nossa preocupação não é com o problema, é com a pessoa, sem importar a situação. Acho essa discussão [cura gay] muito pobre e burra diante de tantas outras questões que realmente merecem atenção.


Mas um psicólogo pode ajudar?
Primeiro que a pessoa tem que ser livre para decidir isso. Ninguém pode interferir na escolha, na decisão da pessoa. Se a pessoa está procurando ajuda é porque ela quer de fato resolver algo que lhe incomoda. O profissional apenas acolhe aquilo que o paciente apresenta. Não é o psicólogo que invade a privacidade de alguém, que violenta sua liberdade. Vale lembrar que existe a ética profissional. O que é tratado dentro do consultório fica ali. Foi estabelecido um vínculo, entre paciente e profissional. Não tem fiscal monitorando.


Então ser homossexual é uma opção?


Não diria isso. Até agora a ciência não deu uma resposta de unanimidade. Não posso dizer que a pessoa escolhe ser, uma vez que, alguns chegam até ao suicídio. Há uma complexidade onde muitos fatores estão em voga.
O senhor acredita que um homossexual pode voltar a ser hétero?


Ao meu ver a pessoa aprende a lidar com isso. Ela faz uma escolha de como viver isso. Mas muitos diante de uma tendência homossexual não conseguem viver tranquilamente, isso o perturba e o leva a buscar ajuda. Já outros conseguem viver tranquilamente com isso. A pessoa faz a opção, sim, em como ela vai viver ou não viver isso.
Pela bíblia, o homossexualismo é condenado. E como a igreja trata?


A prática homossexual, sim. Porém a pessoa continua sendo imagem e semelhança de Deus. A igreja, como Deus, sempre procura acolher e orientar a pessoa independente de sua situação. Ninguém é condenado por ser homossexual. O que se pede dela é que se viva de forma evangélica, tal como se pede de um hétero sexual. Para Deus não existe uma regra geral, existe uma situação, um chamado a viver o grande mandamento do amor, a busca pela coerência consigo mesma e com aquilo que acredita.

O senhor realizaria um casamento homossexual?
Não, porque não há casamentos homossexuais. O casamento é da entrega de um homem para uma mulher com a finidade do bem dos cônjuges e a geração da vida de forma natural. Esses elementos são essenciais, sem eles não existe matrimônio no sentido religioso, sacramental.

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