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'Saímos de casa sem a certeza do retorno', diz amigo de PM que atuou na cidade

O tenente Augusto Vidal, de 36 anos, foi encontrado degolado em matagal. PM fez vídeo para homenageá-lo; amigos falam sobre dedicação do policial.

G1MS - 06 de dezembro de 2014 - 18:01

Tenente foi encontrado morto na quarta-feira (3) (Foto: Divulgação/PM-TO)
Tenente foi encontrado morto na quarta-feira (3) (Foto: Divulgação/PM-TO)

Dias antes de ser encontrado morto em um matagal em Porto Nacional, nesta quarta-feira (3), o tenente Francisco Augusto Vidal, de 36 anos, se preparava para fazer uma das últimas provas para ingressar na Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) da Polícia Militar, em Palmas. Este era o desejo dele, crescer na profissão. "Ele era apaixonado pelo que fazia e queria fazer a diferença na polícia", revelou a tenente Nicéia Monteiro da Rocha, de 30 anos, amiga da vítima. A Polícia Militar divulgou um vídeo em homenagem ao policial morto, mostrando momentos da carreira dele na corporação. Na formatura da 5ª turma dos oficiais, no dia 5 de abril de 2013, ele se emociona, dança, brinca. As imagens foram divulgadas nas redes sociais nesta quinta-feira (4).

Vidal atuava como soldado em Mato Grosso do Sul, onde mora a família dele. Em 2009, veio para Palmas porque "sempre quis ser oficial", segundo os amigos. Após fazer o concurso e ser aprovado, ingressou na polícia em 2010. A dedicação dele inspirava os colegas de profissão. "Augusto não era satisfeito com a realidade. Em quatro anos, ele conseguiu fazer o que muitos policiais não conseguiram em 30 anos. Ele era proativo, dedicado", lembra a tenente Nicéia.

A soldado Marcela Barroso Menezes, de 24 anos, que trabalhava junto com Vidal ficou em choque ao receber a notícia da morte dele. "Eu estava chegando em casa, quando me ligaram dizendo que ele estava desaparecido. Quando vi a foto dele morto, não acreditei. Ele era uma pessoa que não tinha inimigos. No dia-a-dia do trabalho, ele buscava a conciliação antes de tudo". A soldado diz que ele era amigo, humilde e sem preconceitos.

O tenente Vidal foi o primeiro da 5ª turma de oficiais a ser vítima da violência, que pode estar ligada ao exercício da profissão. A morte dele também foi um choque para o tenente Silvio Vanderlei, de 27 anos, da Companhia de Operações Especiais (COE). Os dois se conheceram no concurso da polícia, em 2009. A amizade cresceu ao longo destes anos.

Para Vanderlei, o assassinato de Vidal levantou uma questão amplamente discutida no Brasil e que hoje, muitas vezes, é vista como algo natural: a morte de policiais. "Quando ingressamos na polícia temos ciência dos riscos da profissão e o que nos motiva é saber que estamos prestando bons serviços para a sociedade. Saímos de casa sem a certeza do retorno. Às vezes o custo da integridade do cidadão é pago com a nossa própria vida. Mas não temos que aceitar isso. Estamos aqui para promover a segurança e sermos agentes de transformação", concluiu.

No dia do velório de Vidal, nesta quinta-feira (5), acontecia também a prova psicológica do concuso da Rotam, pela qual ele se preparava e sonhava. Apesar da perda, o que fica para os amigos é o exemplo de vida. "Ele nunca se acomodou e não tinha medo dos riscos da profissão. Augusto queria mostrar que era possível mudar a realidade", lembra Nicéia.

Para assistir o vídeo, clique aqui.

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