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'Não sejam pais superprotetores

Talita da Rosa Muellas - Psicopedagoga - 23 de maio de 2015 - 09:01

Não são raras as crianças que já passaram pela Educação Infantil, cursam o Ensino Fundamental I, e seus pais alimentam-nas dando comida na boca, escovam seus dentes, mudam suas roupas, calçam, fazem o dever de casa para os filhos. A escola conhece a letra de cada criança, reconhece a maneira de pintar de cada aluno, parece difícil para profissionais de outras áreas, mas para nós é nosso trabalho, temos intimidade com esses elementos.

O carinho, a atenção, o interesse e a dedicação dos adultos responsáveis por uma criança são insubstituíveis e determinantes em sua formação, em seu desenvolvimento, em sua felicidade. Porém, superproteger não é atenção ao filho, não é interesse nem envolvimento com a felicidade e o desenvolvimento do filho.

A escola é um dos lugares em que as crianças podem tomar decisões e terem mais autonomia para fazerem as coisas. Mas o que percebemos, a todo momento, é que esse tipo de família, até dentro da escola, tenta proteger as crianças, sendo com ligações durantes as aulas, conversando todo dia com o professor de como lidar com seu filho, ou até mesmo se colocando no lugar da criança para resolver seus problemas.

Já vi pais irem tirar satisfações com colegas de seus filhos e brigar com eles de igual para igual, pois não permitem que eles façam isso.

Segundo o autor Carl Honoré, “Uma criança não é um projeto, um troféu ou um pedaço de argila que se pode moldar como uma obra de arte. Só vai prosperar como pessoa se tiver permissão para ser o protagonista de sua própria vida”.

Filhos de pais superprotetores são inseguros, sentem muitos medos, de muitas situações, privam-se de experiências importantes para não se arriscarem, têm grandes chances de tornarem-se adultos sem iniciativa, sem vontade de fazer, de agir, de produzir, sem gostos, eventualmente eles nem sabem como fazer coisas até simples.

Assim, essas crianças são aquelas que demoram mais para ir passando pelas etapas da vida. Sair de casa, trabalhar, casar, ter filhos. Não sabem fazer escolhas e até não tem confiança em si mesmas.

Acompanhar os estudos de seu filho, incentivá-lo, conferir se ele fez suas tarefas é de sua responsabilidade; fazer a tarefa é responsabilidade da criança. Lembrar seu filho da semana de provas, ajudá-lo a arrumar um lugar na casa para ele estudar, determinar que ele só poderá fazer as atividades de que gosta depois dos estudos são responsabilidades suas; estudar é responsabilidade da criança. Educar seu filho para que ele seja pacífico, respeite as pessoas, não use de agressão contra outros, por motivo algum, e dar exemplos é de sua responsabilidade; bater num colega de turma e enfrentar as advertências e punições no ambiente escolar é responsabilidade da criança.

Aqui, então, mais um tópico sobre o qual pais e filhos devem conversar: as responsabilidades. As crianças precisam ser introduzidas a esse conceito e gradativamente desenvolver essa noção. Apenas evite responsabilizar seu filho sobre situações para as quais ele ainda é muito jovem, eles devem ser cobrados por o que podem entender em suas diferentes idades.

Pais não são eternos e precisam ensinar os filhos a tomar decisões, vislumbrar suas consequências, ponderar, fazer escolhas e assumi-las.

A vida tem muito a ensinar às crianças e adultos, no caso das crianças, cabe aos pais permitir a experiência da vida.

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