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Luciane Buriasco

Luciane Buriasco - As guerras secretas do poder

Magistrada Luciane Buriasco Isquerdo - 19 de fevereiro de 2018 - 08:20

Luciane Buriasco - As guerras secretas do poder

O filme favorito ao Oscar deste ano é o The Post - A Guerra Secreta, de Steven Spielberg. É sobre o jornal The Washington Post e como deixou de ser um jornal local e se tornou um jornal de âmbito nacional nos Estados Unidos. Uma família estava à frente do jornal e tinha relações que se assemelhavam com amizade com os governantes: jantares, convites para viagens, com que ficavam lisongeados. Mas esta boa relação com a imprensa era de evidente interesse por parte dos ocupantes da Casa Branca: garantiam boas notícias em vez de acusações e escândalos na era do jornalismo investigativo que há quem diga que passou.

Quando a filha - uma mulher, destaco, - assume a frente do jornal, influenciada pelo editor-chefe, acaba decidindo publicar, seguindo os caminhos do The New York Times, documentos que apontam para os Estados Unidos terem insistido na Guerra do Vietnã mesmo contra estudos que indicavam a impossibilidade de vencerem. Logo mais viria o Watergate, que levou ao impeachment do Presidente Nixon, o único que até hoje vivenciaram, ao contrário de nós, que já vivenciamos dois.

Há uma mensagem clara pela independência e liberdade de imprensa e uma lembrança não tão clara assim ao Presidente Trump de que governantes já caíram pela imprensa. Se o filme for mesmo o grande vencedor, parece-me que haveria essa mensagem ao atual Presidente por lá, que não se dá nada bem com o The New York Times ao menos.

Por aqui, nosso Presidente parece ter retirado as tropas da Reforma da Previdência. Sem assumir que perdeu, recua por um bem maior: salvar a segurança pública do Rio de Janeiro. Por isso utilizou-se pela primeira vez de um artigo esquecido da Constituição da República, o art. 34, da intervenção federal. Talvez a ideia tenha sido sua mesmo, autor de Elementos de Direito Constitucional, que li na faculdade, em 1994 provavelmente.

Se der certo, o que imagino venha a dar, não porque Exército resolva alguma coisa em matéria de segurança pública, salvo melhorar o déficit de efetivo (número de policiais), mas pelo acordo de cavalheiros que esteja por trás, como aconteceu nas olimpíadas sediadas no Brasil. Agora todo acordo tem interesses recíprocos. Para entender nossa guerra secreta, teremos que assistir por aqui não ao The Post, mas reassistir ao Tropa de Elite 2, de José Padilha, e lembrar que não somente empresas como a Odebrecht financiam campanhas eleitorais no Brasil, mas também criminosos.

Luciane Buriasco Isquerdo é Juíza de Direito da 2.a. Vara Cível e Criminal de Cassilândia-MS, apresentadora dos programas de rádio Culturativa (http://www.radiopatriarca.com.br/culturaativa.asp) e Em Família, na Rádio Patriarca. Siga-a no Tweeter: @LucianeBuriasco

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